Segurança

ComDCiber: Guardião Cibernético é fundamental para o Brasil resistir a todos potenciais inimigos

"Sabemos que seremos atacados e precisamos estar prontos para resistir, sobreviver e continuar prestando serviços", diz o general Ivan Corrêa Filho.

O comandante de Defesa Cibernética, general Ivan Corrêa Filho, destacou a importância estratégica do Exercício Guardião Cibernético (EGC), que chega à sua sétima edição consolidado como um dos maiores treinamentos do mundo na área. Realizado nesta semana na Escola Superior de Defesa, em Brasília, com um hub adicional em Belém (PA), o exercício reuniu 169 instituições e mais de 750 participantes para testar a resiliência digital das infraestruturas críticas do país.

“O Guardião Cibernético é fundamental para que o Brasil esteja preparado para resistir a inimigos de todos os potenciais e capacidades”, afirmou Corrêa Filho em entrevista à Convergência Digital. Ele ressaltou que colapsos em sistemas essenciais como energia, telecomunicações, saúde e transporte podem gerar impactos severos à população e comprometer até a segurança nacional. “Não existe sistema 100% imune. O grande mantra é a resiliência: sabemos que seremos atacados e precisamos estar prontos para resistir, sobreviver e continuar prestando serviços mesmo sob ataque.”

Criado em 2018 com pouco mais de 100 participantes e 20 instituições, o exercício cresceu de forma exponencial e hoje abrange todos os setores estratégicos do país. Em 2024, o hub em Belém-PA foi incorporado em preparação à COP30, com foco em empresas locais de infraestrutura logística e de telecomunicações. Segundo o comandante, grandes eventos atraem a atenção de hackers de diferentes perfis, desde grupos poderosos contrários às pautas discutidas até pequenos agentes em busca de visibilidade global.

O EGC combina diferentes níveis de complexidade. Além das simulações técnicas e virtuais, que envolvem especialistas militares e civis na identificação de malwares e incidentes, o ponto alto é a chamada simulação construtiva. Nesse modelo, cada empresa mobiliza gestores de áreas jurídicas, comunicação, direção e tecnologia para tomar decisões em cenários de crise. Este ano, uma inovação foi o uso de um cenário inspirado no Brasil de 1925, a partir do qual foram introduzidas crises simuladas. “O principal objetivo é promover a transformação das empresas, capacitando-as a enfrentar os desafios em um cenário de constante ameaça”, disse o comandante de defesa cibernética.

O general destacou que o objetivo não é apenas treinar técnicos, mas transformar a cultura das organizações. “Muitas empresas percebem, diante das simulações, que não possuem planos de contingência adequados. Ao retornarem no ano seguinte, trazem protocolos aprimorados. Mas novos desafios surgem, exigindo mais evolução. É um processo contínuo”, explicou.


Ele lembrou ainda casos recentes de ataques com alto impacto econômico, como a rede de farmácias que perdeu R$ 480 milhões após uma semana sem acesso a seus sistemas. “Se isso ocorre em setores como energia ou saúde, o impacto social é ainda mais devastador”, alertou.

Para o Comando de Defesa Cibernética, a cooperação entre governo, empresas e agências reguladoras é essencial. “O Guardião Cibernético cria um ambiente de troca em que até empresas concorrentes discutem soluções conjuntas. O resultado é um aumento constante da maturidade cibernética nacional. Ninguém está imune, mas podemos estar preparados para evitar, resistir e sobreviver aos ataques”, concluiu o comandante.

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