
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta, 30/7, o decreto que aumenta de 10% para 50% as tarifas de importações sobre produtos brasileiros. A medida entra em vigor em sete dias.
O decreto presidencial dos EUA traz uma lista com 694 itens que não estarão sujeitos ao aumento tarifário. E essa lista contempla os principais itens exportados do Brasil para lá, como aviões, petróleo, ferro, aço e suco de laranja.
Sobre o aço, a tarifa já é de 50% desde junho – o Brasil é o segundo maior exportador do produto aos EUA. Estar na lista de exceções pode ser explicado para não ampliar essa cobrança para 100%. Já as ausências notáveis da lista de exceções, e, portanto, supostamente sujeitas ao tarifaço, são café e carne.
Para o setor de TICs, o impacto é ainda difícil de medir. A lista de exceções inclui itens como smartphones, telefones, estações rádio base, instrumentos ópticos, por exemplo. Mas as tarifas, nunca é demais lembrar, são sobre produtos importados pelos EUA.
Por isso mesmo, fontes do setor de tecnologia ouvidas pelo Convergência Digital apontam que a preocupação é com a eventual aplicação de tarifas recíprocas pelo Brasil. Ou seja, haverá aumento de preços, especialmente em produtos e serviços de tecnologia, caso o Brasil responda ao terrorismo comercial dos EUA também elevando tarifas de importação.
Além disso, a busca por soluções já começou. Empresas ouvidas pela Convergência Digital que investem na construção de data centers já estão negociando com fornecedores de Taiwan, Coreia do Sul e Japão para importação de hardware sem o custo do tarifaço. O maior temor é que o governo erre na mão na reciprocidade. O ideal, afirmaram as fontes, é que o Brasil não imponha essa reciprocidade e busque novos mercados.
Em serviços – que ainda não foi tratado pelos Estados Unidos – e, em especial, em cloud computing, boa parte acredita que o impacto será minimizado. Isso porque as hyperscalers norte-americanas – AWS, Google, Azure, da Microsoft, Oracle – já fecham contratos aqui em reais e a partir das suas subsidiárias locais, fora do raio de ação do tarifaço de Trump. Entidades setoriais procuradas pelo Convergência Digital informaram que o decreto do presidente dos EUA está sendo analisado e preferiram não comentar.
*Colaborou: Ana Paula Lobo