Inovação

Supercomputador novo do Inpe tem 8 petaflops e é seis vezes mais rápido para previsão do clima

Nome do sucessor do atual Tupã vai ser escolhido em votação pública.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) inaugurou um novo supercomputador no Centro de Dados Científico de Cachoeira Paulista (SP), que representa um salto de seis vezes na capacidade nacional de previsão meteorológica, frente ao Tupã, antecessor da nova máquina.

“O sistema representa o que há de mais avançado em previsão de tempo e clima no País”, afirma Ivan Márcio Barbosa, coordenador de Infraestrutura de Dados e Supercomputação do Inpe.

O novo supercomputador permite previsões mais rápidas e detalhadas. Modelos meteorológicos que antes exigiam três horas de processamento agora são concluídos em menos de duas, possibilitando simulações múltiplas e cenários probabilísticos mais confiáveis.

A resolução espacial das previsões passou de 20 km para 10 km em escala global, podendo chegar a 3 km para a América do Sul, o que permite identificar tempestades localizadas, ondas de calor e outros fenômenos com maior precisão.

“Esse avanço quadruplica o detalhamento espacial e amplia em até oito vezes o volume de processamento, viabilizando previsões pontuais, como chuvas fortes em bairros específicos de grandes cidades”, explica José Antonio Aravéquia, coordenador-geral de Ciências da Terra do Inpe.


Financiado pela Finep, o Projeto Risc prevê a instalação de quatro supercomputadores até 2028, além da modernização completa da infraestrutura elétrica e térmica do centro de dados e da implantação de uma usina fotovoltaica.

O investimento total estimado é de R$ 200 milhões, sendo R$ 30 milhões destinados à primeira máquina, adquirida da HPE-Cray. Quando concluído, o projeto poderá alcançar 8 petaflops de capacidade, o equivalente a 8 quatrilhões de operações por segundo.

As metas do Risc incluem também o desenvolvimento de sistemas de modelagem atmosférica, terrestre e oceânica, o uso de energia limpa e a disponibilização de códigos abertos para a comunidade científica.

“O novo sistema reforça o papel do Inpe na geração de conhecimento estratégico para o País, permitindo previsões mais precisas e alertas antecipados sobre eventos extremos, com impacto direto na agricultura, na defesa civil e no planejamento energético”, destaca o diretor do Inpe, Antonio Miguel Vieira Monteiro.

No núcleo do projeto está o Monan, modelo brasileiro de simulação climática que integra dados da atmosfera, oceanos, superfície terrestre e química atmosférica, desenvolvido para representar com maior precisão as condições tropicais da América do Sul. O nome faz referência ao termo tupi-guarani para “terra sem males”.

Com o novo supercomputador, o Monan passou a operar em resolução inédita de 10 km em escala global, algo impossível no sistema anterior. “Os testes iniciais mostram resultados muito promissores”, afirma Saulo Ribeiro de Freitas, chefe da Divisão de Modelagem Numérica do Sistema Terrestre do Inpe.

O novo sistema será utilizado não apenas para previsão do tempo e modelagem climática, mas também para monitoramento da qualidade do ar, gestão ambiental e pesquisas sobre mudanças climáticas globais. As simulações geradas servirão de base para as Comunicações Nacionais do Brasil à Convenção do Clima da ONU e para o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC).

O supercomputador já está em operação, enquanto os modelos numéricos passam por testes e migração de sistemas. O Inpe ainda prepara uma votação pública para escolher o nome oficial da nova máquina, em homenagem à mitologia tupi-guarani, dando continuidade ao legado do Tupã e marcando o início de uma nova era da supercomputação científica brasileira.

Botão Voltar ao topo