InternetSegurança

Polícia do Rio desarticula provedores internet ligados a facções criminosas

Operação Rede Obscura mirou provedores ligados ao Comando Vermelho e Terceiro Comando

Policiais civis da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) do Rio de Janeiro deflagraram nesta terça, 5/8 a “Operação Rede Obscura”, com foco no combate à exploração clandestina de serviços de internet em comunidades da Zona Norte do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense. Segundo as investigações, as redes ilegais possuem ligação direta com facções criminosas que atuam na região.

A operação contou com o apoio do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e da 38ª DP (Brás de Pina). Ao todo, foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão, resultando na desarticulação de duas centrais clandestinas de internet e na apreensão de uma grande quantidade de equipamentos eletrônicos, modens e cabos usados para instalação de redes ilegais.

Um homem foi preso em flagrante por receptação com cerca de 200 modens e cabos de empresas legalizadas. Outras duas pessoas foram conduzidas à delegacia para prestar esclarecimentos.

As investigações, iniciadas a partir de denúncias e análises técnicas, identificaram a atuação de provedores clandestinos vinculados a facções criminosas. Um deles operava no Morro do Quitungo sob o controle do Comando Vermelho; outro, ligado ao Terceiro Comando Puro, atuava em comunidades como Cordovil, Cidade Alta e adjacências.

De acordo com a Polícia Civil, ambas as empresas contavam com logística protegida por criminosos armados, que impediam a entrada de operadoras licenciadas, destruíam cabos de fibra óptica e promoviam o vandalismo de redes regulares.


A Subsecretaria de Inteligência (Ssinte) auxiliou no mapeamento das conexões clandestinas. No Quitungo, foi identificada a existência de postos de vigilância armada e severa restrição de circulação institucional, evidenciando que a operação da empresa estava sob proteção direta de traficantes.

Em fevereiro, após técnicos de uma das redes ilegais serem flagrados trabalhando na área, uma operadora regular registrou queda abrupta de sinal. Posteriormente, foi confirmado o rompimento intencional de cabos. Em outra ação, materiais furtados de operadoras legalizadas foram localizados dentro da sede de uma das empresas clandestinas.

O responsável pela empresa associada ao Comando Vermelho já tem anotações por tráfico de drogas, furto de energia e receptação. Em depoimento, admitiu ter recebido propostas de outras facções para expandir os serviços ilegais e confirmou que fazia repasses regulares a líderes do tráfico, sob a justificativa de “contribuições comunitárias”.

Já o dono da empresa vinculada ao Terceiro Comando Puro foi autuado anteriormente por receptação qualificada, após serem encontrados cabos furtados de operadoras legalizadas em um galpão. As investigações também apontaram o uso de equipes de instalação sem vínculo formal, que utilizavam veículos de terceiros e operavam sem qualquer tipo de habilitação técnica.

Em uma ação realizada em março deste ano, sete pessoas foram presas, incluindo uma mulher flagrada durante a instalação de rede clandestina em Brás de Pina.

Todo o material apreendido nesta terça será submetido à análise forense e acompanhado pelo setor de inteligência da DDSD, com o objetivo de identificar outros envolvidos, reforçar as provas já reunidas e subsidiar novas diligências.

Botão Voltar ao topo