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Einstein adota IA com reconhecimento de voz para combater burnout médico e melhorar atendimento

O reconhecimento de voz está sendo usado também para preencher o prontuário eletrônico, conta Valéria Pinheiro de Souza, superintendente de relacionamento TI-médico do hospital.

O Einstein Hospital Israelita está usando inteligência artificial para reconhecimento de voz durante o atendimento médico com objetivo de melhorar o relacionamento com o paciente, uma vez que, sem precisar digitar o que está escutando, o profissional consegue dar mais atenção. É mais olho no olho, destacou Valéria Pinheiro de Souza, superintendente de relacionamento TI-médico do hospital, ao participar do evento Data & AI Forum da Oracle, em São Paulo.

“A IA humaniza o atendimento; quando o médico para de digitar, ele olha nos olhos do paciente, dá mais atenção ao paciente. Isso também reduz o burnout e melhora o bem-estar do médico”, disse a CMIO. A solução combina tecnologia da Sofya, uma startup brasileira especializada em saúde de precisão, e da Oracle.

Valéria Pinheiro de Souza explicou que o reconhecimento de voz não é apenas usado para o contato entre médico e paciente em consultas. O Einstein também está trabalhando no desenvolvimento de uma função para preencher o prontuário eletrônico automaticamente com o médico ditando as informações para o celular ou até mesmo a partir de microfone dentro do quarto do paciente. “O Einstein é muito criterioso quanto à segurança; tudo tem de ser validado e tem critérios para implementar e com responsabilidade”, disse, assinalando que a solução ainda não está implementada.

A criação da Sofya foi impulsionada pela necessidade de otimizar os processos clínicos e reduzir a carga cognitiva dos profissionais de saúde. A startup estima que um médico, em média, precise de 26 horas semanais para cumprir todos os protocolos diários e que a burocracia digital consuma cerca de um terço do tempo dos médicos, prejudicando a produtividade e comprometendo a atenção necessária ao paciente. Além disso, diz que 63% dos médicos apresentam sintomas de burnout. “Entendemos que reconhecimento de voz é o futuro para reduzir burnout na saúde”, diz a superintendente.

Jornada de IA no Einstein
O uso de inteligência artificial no Einstein Hospital Israelita já vem de algum tempo. No início do ano, o Convergência Digital relatou que cerca de 120 algoritmos rodavam em diferentes áreas com finalidades distintas, permitindo não apenas melhorar o cuidado do ponto de vista assistencial como identificar pacientes com maior risco e agir antecipadamente.


Os impactos também estão em departamentos de suporte à operação, com os algoritmos ajudando a organização a ser mais eficiente do ponto de vista operacional, por meio da melhoria de processos e uso de IA para fazer análises preditivas. “Um dos algoritmos que desenvolvemos foi para o protocolo de heparina. Antes da IA, demoravam-se quatro horas para reconhecer que o paciente precisava da medicação e hoje é em 50 minutos para reconhecer e leva 30 minutos para equalizar a dose-alvo”, contou Valéria Pinheiro de Souza.

A executiva reforçou que o Einstein tem um programa de democratização de IA e coloca a inteligência artificial como estratégica para a instituição. “Levamos IA para a ponta e escutamos a ponta. É o negócio que vai definir o que é importante para a instituição. São ideias que os médicos têm; e temos de abraçá-las e não ignorá-las”, frisou a superintendente de relacionamento TI-médico do hospital.

Outro ponto fundamental para o avanço da IA é a interoperabilidade entre sistemas. “No caso do reconhecimento de voz, temos a vantagem porque o nosso prontuário é da Oracle e temos facilidade na questão da integração, mas, quando vai para outros sistemas, complica e pergunto: como vai integrar na ponta, se não tiver integrado”, assinalou.

Do lado da Sofya, o líder de IA, Bruno Dornelles contou que a ferramenta tem como objetivo reduzir as anotações do médico durante a consulta e agilizar o processo de organizar os dados. “Capturar a informação durante a consulta era um passo essencial e importante, mas o médico precisa confiar que a Sofya está transcrevendo corretamente, para isso temos calibração”, explicou.

Foram desenvolvidos algoritmos de redução de ruído e calibração para diferentes cenários, tudo dentro da infraestrutura Oracle. A Sofya processa grandes volumes de dados clínicos com agilidade e segurança rodando na Oracle Cloud Infrastructure (OCI). Além disso, os bancos de dados da Oracle permitiram a vetorização de mais de 1 bilhão de tokens médicos, que são palavras ou termos extraídos de textos médicos, como doenças e tratamentos.

Essa vetorização transforma as palavras em números, permitindo que a IA entenda e processe essas informações de maneira rápida e precisa. Como resultado, foi criada uma base de conhecimento ampla e precisa; e a Sofya conseguiu garantir que suas soluções de IA fossem não apenas escaláveis, mas também seguras, proporcionando resultados clínicos de alta qualidade, respaldados por dados médicos confiáveis.

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