Opinião

Inteligência artificial e o futuro das carreiras em tecnologia

Vivemos um momento singular na história da tecnologia, onde a Inteligência Artificial (IA) passou de uma promessa distante para uma força central na transformação digital que permeia todas as indústrias.

Por Romain Dayan*

Vivemos um momento singular na história da tecnologia, onde a Inteligência Artificial (IA) passou de uma promessa distante para uma força central na transformação digital que permeia todas as indústrias. Essa evolução tem um impacto profundo nas carreiras dos profissionais do setor, desafiando líderes a repensar como estruturam, desenvolvem e inspiram suas equipes. A IA vai além de um novo conjunto de ferramentas: ela redefine funções, competências e até modelos de liderança.

Um dos efeitos mais visíveis da IA é a automação de tarefas rotineiras e repetitivas, especialmente em áreas como suporte técnico, análise de dados e desenvolvimento. Mas essa automação não significa substituição de talentos — e sim evolução.

Estamos testemunhando o surgimento de novas funções, como engenheiros de prompts, curadores de dados e especialistas em IA responsável. Essas profissões — até pouco tempo impensáveis — destacam a urgência de uma atualização constante de profissionais e líderes, diante de um novo ecossistema em construção.

À medida que a IA assume as tarefas mecânicas, destaca-se a importância das habilidades humanas. O que realmente diferencia um profissional na era da IA é a capacidade de pensar criticamente, se comunicar efetivamente, trabalhar em equipe e tomar decisões éticas. O equilíbrio entre habilidades técnicas (hard skills) e interpessoais (soft skills) se tornou essencial.


Na Edenred, temos promovido o desenvolvimento de habilidades híbridas, acreditando que profissionais que dominam linguagens de programação e, ao mesmo tempo, têm conhecimento em negociação, liderança e resolução criativa de problemas, terão mais chances de sucesso nesse novo cenário.

Os líderes desempenham um papel crucial nesse contexto, pois devem fomentar uma cultura de aprendizado contínuo e fornecer os recursos necessários para o crescimento de suas equipes, tanto em termos técnicos quanto pessoais.

No recrutamento, tecnologias que revolucionam o desenvolvimento de software também estão mudando a forma como identificamos e conectamos talentos. Plataformas como o LinkedIn usam IA para mapear competências, comportamentos e histórico com cada vez mais precisão, permitindo decisões mais estratégicas. O processo de contratação em tecnologia deixa de ser meramente operacional e se torna mais inteligente, baseado em dados — não apenas em currículos.

A liderança técnica tradicional, centrada exclusivamente na entrega de resultados, também está sendo desafiada. Em um ambiente de mudanças constantes, é essencial liderar com propósito, empatia e visão de futuro.

Isso significa criar um ambiente que estimule a experimentação, valorize o aprendizado com os erros e reconheça o lado humano da tecnologia. Quando bem aplicada, a IA pode ser uma aliada poderosa na retenção de talentos — liberando tempo para a criatividade e permitindo foco em desafios mais estratégicos.

É natural que, diante da crescente presença da IA, surjam inseguranças sobre substituição de profissionais. Mas a realidade mostra o oposto: a tecnologia amplia capacidades, potencializa talentos e torna as equipes mais produtivas, inovadoras e relevantes.

Aqueles que utilizam a IA a seu favor estarão mais bem preparados para liderar e gerar impacto. À medida que a IA molda o presente das carreiras em tecnologia, cabe a nós, líderes, guiar nossas equipes com visão e empatia — não apenas para nos adaptarmos, mas para construirmos uma nova era do trabalho, na qual pessoas e máquinas colaborem para gerar valor real.

*Romain Dayan é Head de Tecnologia para a região das Américas da Edenred e Diretor de Tecnologia da Informação da Ticket, marca de Benefícios do Grupo. Com mais de 15 anos de trajetória na Edenred, liderou equipes de tecnologia na França, Brasil, Itália e Espanha, atuando também em projetos globais. É mestre em TI pelo European Institute of Technology de Paris e possui formação executiva na HEC-Paris.

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