Bloqueio de celular pirata ‘corta’ 243 mil aparelhos em dois meses
Nos dois primeiros meses de operação, o sistema de identificação de celulares ‘piratas’ coordenado pela Anatel bloqueou 243 mil aparelhos de funcionarem nas redes de telecomunicações móveis. E embora ainda seja restrito ao Distrito Federal e Goiás, o ‘Siga’ já é revelador: a grande maioria dos aparelhos sem IMEI são ‘chipeiras’.
“O sistema mostrou que funciona e ainda tivemos um efeito colateral positivo que permite dar um melhor dimensionamento a essa questão. O problema real é muito menos do usuário final e mais de fraudes de telecomunicações e o uso de chipeiras não homologadas. Os números até aqui indicam que os celulares piratas efetivamente são aproximadamente 10% do total”, diz João Alexandre Zanon, coordenador do que a Anatel chama de sistema integrado de gestão de aparelhos.
Em maio, mês em que o bloqueio começou pra valer, o Siga interceptou 140 mil aparelhos sem IMEI, o código que costuma ter 15 algarismos e serve como registro mundial de equipamentos que usam redes de telefonia móvel. Desses, somente 13 mil seriam celulares. Com os números de junho, o total identificado já chega a 243 mil. Até o fim da semana a agência espera saber quantos deles eram celulares, mas Zanon acredita que a proporção se mantenha.
Para a agência, o sistema está pronto para seguir o cronograma, que estende o bloqueio ao Rio de Janeiro e Espírito Santo, Sul, Centro-Oeste e parte do Norte a partir de 8 de dezembro. “Do ponto de vista do processo, está ‘redondo’. E sem impacto na quantidade de reclamações”, diz o coordenador do Siga. Já o que tinha contornos de questão ‘social’ dos celulares ‘xing-ling’ pode ser muito mais de concorrência em um mercado que se desenvolveu fora do radar da Anatel.
A ampliação do universo para além dos DDDs 61 e 62 vai dar traços mais nítidos ao verdadeiro perfil do que teles, fabricantes e regulador consideram equipamentos irregulares, não homologados e sem o carimbo do mercado oficial representado pelo IMEI. A antecipação do Rio de Janeiro, que trocou de lugar com São Paulo no cronograma do bloqueio, atende a pedido da intervenção federal e supostamente vai influenciar o uso de celulares em presídios.
Desde 2015 o Brasil já se vale da lista internacional de IMEIs para identificar celulares roubados, por meio de um sistema semelhante mas que atende por outra sigla (Cemi, de Cadastro Nacional de Estações Móveis Impedidas) e que permite o bloqueio já na delegacia de polícia a partir do registro de ocorrência. É essa familiaridade que indica o ingresso de 1 milhão de aparelhos ‘irregulares’ por mês nas redes móveis.
O Distrito Federal e Goiás têm juntos cerca de 10,8 milhões de chips de celular ativos. Isso representa 4,6% do total de chips no Brasil. Os sem-IMEI bloqueados até aqui por sua vez são 2,2% desses quase 11 milhões de acessos ativos. O que sugere que uma proporção menor dessa encrenca trafega nos DDDs até aqui sujeitos à varredura do Siga.