Fintechs brasileiras investem pouco em serviços para os desbancarizados
O Brasil possui, hoje, cerca de 60 milhões de desbancarizados, segundo o último estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse número representa quase metade da população economicamente ativa, estimada em 110 milhões de pessoas. O grupo movimenta R$ 665 bilhões ao ano, mais do que o PIB de países como Chile e Cingapura e está espalhado pelas classes econômicas, revela reportagem do Estado de São Paulo.
Como muitos negócios da população desbancarizada são informais e a maioria das pessoas das classes B e C não consegue comprovar renda, esse público é negligenciado pela rede bancária tradicional. “Só agora o estigma de que esse mercado não é rentável começa a ser quebrado, até mesmo porque a tecnologia permite que as instituições operem com custos mais baixos”, afirma Bruno Diniz, coordenador do núcleo de fintechs da Associação Brasileira de Startups (ABStartups).
A desbancarização não é uma particularidade brasileira. O Banco Mundial calculou, em 2011, que havia 2,5 bilhões de desbancarizados no mundo e 200 milhões de micro e médias empresas sem acesso a serviços financeiros e crédito pelos quais pudessem pagar. Com a disseminação das fintechs, o Banco Mundial afirma que o número de pessoas sem acesso a serviços bancários caiu para 1,7 bilhão de pessoas.
O desafio, porém, ainda é grande, especialmente por conta dos semibancarizados (quem tem conta, mas nenhum outro serviço financeiro, como empréstimos e investimentos) que somam 6 bilhões de pessoas no mundo. Esse é um mercado potencial para as fintechs, mas, atualmente, menos de 10% das 350 fintechs que atuam no Brasil olham para quem não tem conta ou acesso aos serviços financeiros básicos.