Na CGU, robô analisa fotos de ruas para identificar empresas fantasmas
A Controladoria Geral da União é um dos órgãos pioneiros no uso de sistemas de inteligência artificial para combater fraudes. O primeiro ‘robô’ é usado para medir a probabilidade de determinado servidor público ter envolvimento com corrupção. Outro analisa informações de fornecedores para avaliar o risco de contratação pelo governo. E mais recentemente a CGU passou a analisar imagens na internet para descobrir se quem está em determinada licitação realmente existe.
“Tem muito fornecedor de fachada. Mas como saber que determinadas empresas existem no mundo real? Por exemplo, as 10 empresas que estão numa licitação qualquer. Tentamos verificar se ela existe mesmo com a identificação de imagens”, explicou Thiago Marzagão, do Observatório da Despesa Pública do CGU, ao participar de seminário sobre usi de IA na administração pública, promovido pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Como explica o auditor da CGU, esse novo robô tenta identificar pelas imagens se há alguma inconsistência em determinada pessoa jurídica. “Usa o Google Street View e redes neurais para treinar que o seja capaz de distinguir o que parece a fachada de uma empresa de qualquer outra coisa, de um terreno baldio, de uma rotatória, de uma escola, por exemplo. Olha a foto e avalia se parece uma empresa ou não. E fazemos o cruzamento com os endereços das concorrentes que ficam na base do sistema de compras do governo, o Comprasnet.”
O uso de IA na CGU começou com o sistema que avalia a probabilidade de um servidor público ser corrupto. “Se tem uma investigação e envolve 80 servidores e precisa priorizar, usa esse aplicativo para decidir o que priorizar”, disse Marzagão. Segundo ele, a IA é treinada com base em casos de servidores já identificados, processados e expulsos do serviço público, além de cruzar informações de salário, forma de ingresso, a participação em pessoas jurídicas, etc.
“São centenas de ‘preditores’, como concurso ou indicação, se é sócio de empresa ou não, se já foi punido antes, o cargo que ocupa, se é filiado a partido. Não é porque você é sócio de empresa ou é filiado a partido que a CGU vai auditar. Não funciona assim. Mas é uma ferramenta que ajuda a priorizar, a indicar o que tem mais probabilidade de merecer uma analise mais de perto.”
Outro sistema faz análise de risco de contratos de fornecedores. “Tem uma lista grande de empresas que já deram problema na administração pública. E da mesma forma têm uma serie de indicadores. Tenta-se separar as características que dão ou não problema. Da mesma forma, com base nas empresas que já deram problema. Tamanho, tempo de criação, numero de lances no pregão, são centenas de indicadores que indicam a chance de uma empresa quebrar no meio do contrato, por exemplo”, disse o auditor da CGU.