Internet

Tim Berners Lee: “A Internet está num ponto crucial. Precisamos salvá-la”

O inventor da World Wide Web, Tim Berners-Lee, lançou nesta segunda-feira, 05/11, no Web Summit, que acontece em Lisboa, uma campanha para persuadir governos, companhias e indivíduos a assinarem um “contrato para a Web”, com um conjunto de princípios criados para defender a liberdade e abertura da internet.

O especialista sustenta que o senso de otimismo sobre a internet tem sido prejudicado por abusos como uso indevido de dados pessoais, discurso de ódio, manipulação política e centralização do poder entre um pequeno grupo de grandes empresas de tecnologia. Para Berners-Lee, reconstruir a confiança na rede mundial de computadores e ampliar o acesso à internet em bases justas e acessíveis por meio do trabalho conjunto de governos, companhias e indivíduos é um dever com a sociedade.

“A Web está num ponto crucial. Precisamos de um novo contrato para a Web, com responsabilidades claras e rígidas para aqueles que têm o poder possam agir melhor”, advertiu Berners-Lee. Na sua apresentação, o especialista assegurou que governos, corporações e indivíduos podem desempenhar um papel para aperfeiçoar e salvar a Internet.

“Certas políticas, como a neutralidade de rede, precisa envolver governos, outras coisas precisam envolver as empresas, sejam grandes, pequenas ou startups. Se você é um ISP, deve se comprometer a entregar uma internet neutra. Se você é uma rede social, deve garantir o controle dos próprios dados pelos usuários”, defendeu. Os indivíduos devem prometer “respeitar o discurso civil e a dignidade humana para que todos se sintam seguros e benvindos online”.

A proposta, segundo ele, já conta com apoio de mais de 50 organizacoes, como o governo da França, a Internet Sans Frontieres e empresas como Google e Facebook. Os termos finais do ‘contrato’ deverão ser acordados nos próximos meses, tendo como meta o mês de maio de 2019, quando se espera que mais de 50% da população esteja online pela primeira vez. A campanha usa a hashtag #ForTheWeb. O atual formato do ‘contrato’ pode ser conferido na página contractfortheweb.org, inclusive com uma versão do texto em português. Basicamente, ele prevê que:


Os governos irão:
Garantir que todas e todos possam se conectar à internet
Para que qualquer pessoa, independentemente de quem seja ou onde viva, possa participar ativamente online.

Manter toda a internet disponível o tempo todo
Para que o direito ao acesso total à internet não seja negado a ninguém.

Respeitar o direito fundamental das pessoas à privacidade
Para que todas e todos possam usar a internet livremente, com segurança e sem medo.

As empresas irão:

Tornar a internet financeiramente viável e acessível a todas e todos
Para que ninguém seja excluída/o de usar e moldar a web.

Respeitar a privacidade e os dados pessoais d consumidores
Para que as pessoas tenham controle de suas vidas online.

Desenvolver tecnologias que fomentem o que há de melhor na humanidade e contestem o que há de pior
Para que a web seja de fato um bem público que coloca as pessoas em primeiro lugar.

Os cidadãos irão:

Ser criadores e colaboradores na web
Para que a web tenha conteúdo farto e relevante para todas e todos.

Desenvolver comunidades fortes que respeitem o discurso civil e a dignidade humana
Para que todas e todos se sintam seguros e bem-vindos online.

Lutar pela web
Para que a web permaneça aberta, um recurso público global para pessoas de todos os lugares, agora e no futuro.

Fonte: Agência Reuters

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