Tecnologia nacional usa a nuvem para monitorar enchentes
Pesquisadores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, desenvolveram uma tecnologia nacional capaz de coletar dados e detectar se está ocorrendo o transbordamento de um rio. O sistema já foi testado e adotado pela Defesa Civil de Santa Catarina, na cidade de Rio do Sul, e agora o foco é desenvolver formas de prever enchentes e expandir o uso dos sensores no Brasil. Para isso, os estudos vêm testando a eficácia da mineração de dados online e de técnicas de inteligência artificial. Também há o monitoramento por meio das redes sociais.
Tecnologias capazes de detectar enchentes já são usadas em países como a Inglaterra, onde o transbordamento de rios é sazonal. Pensando em como esses fenômenos são comuns no Brasil, o pesquisador Jó Ueyama, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, desenvolveu sensores capazes de detectar enchentes, aferindo grandezas como a altura da água e a pressão.
A implementação desse sistema, chamado de e-NOE, coleta dados por meio de sensores do tamanho de uma caixa de fósfero que coletam os dados, transmitidos por uma rede sem fio e em tempo real para os servidores em nuvem. “Isso significa que há dados em tempo real para serem avaliados”, revela Ueyama. Em Rio do Sul, em Santa Catarina, o piloto foi necessário porque a cidade fica abaixo do nível do mar e sofre de forma constante com as enchentes. O sistema permitiu prever o melhor momento para comunicar aos moradores do perigo das enchentes. O e-NOE também foi testado em São Carlos e em Mogi das Cruzes, no interior de São Paulo.
A partir disso, esses sensores foram ganhando novas funções, como a de detectar o nível de poluição dos rios. Mais recentemente, o foco dos pesquisadores Thiago Costa e Gustavo Furquim, que continuam esses estudos, é a previsão, já que “ao invés de dizer que ocorreu uma enchente em algum lugar, é melhor você ser uma espécie de guru para dizer ‘olha, ali daqui a cinco minutos vai encher’. Isso é mais valioso porque é possível evacuar as regiões afetadas e evitar tantas perdas materiais”, segundo o pesquisador. Intenção, agora, é ver o sistema e-NOE ganhar vez em mais Estados do País.
Fonte: Jornal da USP