Jornada para a nuvem: evite as armadilhas e faça a coisa certa
Após alguns anos desde que a jornada para a nuvem era algo do futuro e cheia de promessas de redução exponencial de custos, centenas de organizações de todos os portes e segmentos embarcaram nesta jornada. Hoje, executivos vivenciam uma transformação na forma de adquirir e consumir tecnologia, seduzidos pela agilidade que o consumo sob demanda passou a proporcionar, como provisionar servidores, armazenamento em cloud, bases de dados e outros serviços sob demanda de negócio. A libertação das burocracias que permeavam os velhos tempos para aquisição de um simples servidor foi outro ponto que atraiu o interesse das empresas.
Tais burocracias levavam até seis meses com negociações comerciais e envolvia um número significativo de profissionais com reuniões técnicas e cotações, o que aumentava ainda mais os custos para as organizações. Quando finalmente chegava, já estava subdimensionado, pois os negócios não esperam e o respectivo servidor havia sido arquitetado para um ritmo de meses atrás.Felizmente esta experiência faz parte do passado. O que podemos ver é que as empresas já se conscientizaram sobre os benefícios e que a tecnologia se tornou imprescindível para a evolução dos negócios. Antes, a Nuvem era inovação, hoje me arrisco a dizer que, em breve, uma commodity.
Estudos do Gartner mostram que, até 2020, as empresas que não utilizam computação em nuvem serão tão raras quanto as que hoje não utilizam internet. Ter acesso aos recursos computacionais em nuvem é condição “sine qua non” – termo em latim que pode ser traduzido como “sem a/o qual não pode ser” – para interagir digitalmente e não perder negócios. Diante das ofertas da nuvem pública e particular, é importante se atentar as dificuldades de se desvincular da opção pública, sem ter que renegociar cláusulas contratuais que forçariam os executivos a conviver com as anomalias do processo de migração por anos e pelo simples fato de ter de arcar com severas multas por romper o contrato. Este é um cuidado que vale ser reforçado. A nuvem hoje faz parte da gestão de negócios, mas deve-se ter atenção com as armadilhas de modelos gratuitos, pois há opções que aprisionam empresas sob condições de multas exorbitantes.
É válido ressaltar também a importância de envolver todas as camadas da empresa, do CIO para baixo, a fim de conquistar os benefícios da nuvem com a menor incidência de traumas possíveis. A revolução estrutural do universo corporativo não cessou. Etapas de projetos, planos de arquiteturas, gestão de capacidade, riscos e segurança e outras disciplinas de regulamentação se renderam à agilidade proporcionada pela nuvem. A boa notícia é que, do outro lado, existem os parceiros de negócios, fornecedores de tecnologia que também estão fazendo suas respectivas lições de casa, capacitando, testando, homologando e desenvolvendo.
A jornada deve estar ancorada em pilares consistentes, claros, maduros. É importante seguir em frente, mas não sozinho. O ponto de partida está intrinsecamente ligado ao nível de maturidade tecnológica da organização e de seu parceiro. Localizar-se no gráfico de maturidade tecnológica, para saber o ponto de partida, pode ser tão trabalhoso quanto a própria jornada. É por esses e outros motivos que as organizações devem sempre planejar e contar com parceiros confiáveis e qualificados para juntas, pavimentarem um caminho forte e duradouro rumo à jornada que sempre tem o que evoluir e que não terminará tão cedo.
Fábio Kuhl éArquiteto em Cloud e Multicloud da Globalweb