Covid-19: Com redução de streaming, Internet garante qualidade e latência das conexões
O uso mais intenso da internet a partir das medidas de isolamento social em reação à pandemia da Covid-19 não apresentou impactos significativos na qualidade das conexões no Brasil, segundo indicam relatórios elaborados pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Tecnologia de Redes e Operações (Ceptro.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).
Em um primeiro momento, o impacto mais notável foi a queda da medida de velocidades de download, que chegou a apresentar uma diferença de 10 Mbps na semana de 23 de março, na comparação com o período anterior. Essa queda, no entanto, foi em grande medida recuperada a partir da semana seguinte, quando provedores de conteúdo como Netlix, YouTube e Facebook anunciaram reduções na qualidade dos vídeos como medida de prevenção.
“É interessante notar um alívio dessa piora após o dia 25/3/2020, quando os principais serviços de streaming diminuíram a qualidade dos vídeos de maneira preventiva. Essa mudança é especialmente visível para a velocidade de download e número de medições”, aponta a análise do Ceptro/NIC.br.
Nesse quesito, as maiores quedas se deram em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul. Ao mesmo tempo, os eventos da pandemia não parecem ter tido muito efeito nos estados do Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Mesmo com os estados mencionados, Sul e Sudeste mantiveram as maiores medianas de velocidade, com downloads próximos a 20 e 25 Mbps, respectivamente, enquanto as outras regiões apresentaram valores próximos de 12 Mbps.
Também como reflexo da maior demanda da rede, a latência chegou a aumentar até 4 milissegundos em comparação com o período anterior à Covid-19, mas também se recuperou em seguida. “Após a primeira morte no país, que coincide com o primeiro caso na maioria dos estados, existe um pequeno aumento da latência no interior. Para as capitais existe uma piora, mas ela retorna aos níveis do início de fevereiro, quando não havia influência da Covid-19.
A perda de pacotes também apresentou maiores picos durante o período compreendido entre a primeira morte pela Covid-19 e o momento da redução na qualidade dos streamings, aumentando ligeiramente cerca de 0,6%, “valor baixo para essa métrica”. “Apesar de variações percebidas durante esse período, não foram identificados problemas sistémicos na rede”, afirma Paulo Kuester, analista de projetos do NIC.br e um dos autores da análise.
A conclusão é que “os efeitos da pandemia do coronavírus no país não refletem, até o momento, degradação importante da qualidade da Internet no Brasil”. Tampouco foi observada diferença significativa no comportamento dos parâmetros de qualidade associados ao porte do provedor, tendo eles variado de maneira similar ao longo do tempo, sendo que os provedores pequenos tiveram latência menor durante todo o período.
Os relatórios tem como base os diversos parâmetros monitorados pelo Sistema de Medição de Tráfego (SIMET), consolidados em nível nacional, regional e por Estado. O primeiro estudo “Influência da Covid-19 na qualidade da Internet no Brasil” traz um panorama de 31 de janeiro a 5 de abril, que inclui medições anteriores ao aparecimento do primeiro caso de Covid-19 no país no dia 26 de fevereiro. Nesse período, foram coletadas 970.676 medições, com uma média diária de 14.712.
Os relatórios seguintes, que analisam as semanas de 6 a 12/4, e 13 a 20/4 também concluem que o tráfego Internet no país estabilizou nos valores pós redução da qualidade de streaming. Para acessar os documentos na íntegra, visite https://ceptro.br/publicacoes/.