Opinião

Governo digital: muito além da desburocratização da esfera pública

Em busca de mais produtividade, agilidade e redução de custos, empresas de todos os setores passaram a se apoiar, especialmente nos últimos anos, na tecnologia para revolucionar serviços e processos. Esse movimento está levando a digitalização a níveis nunca alcançados antes. A aderência de instituições e organizações a novas tecnologias mudou a forma como nos relacionamos com procedimentos burocráticos, criando uma realidade virtual impulsionada pela evolução tecnológica.

No entanto, não é somente o segmento privado que tem percebido as vantagens dessa transição. No Governo, seja Federal, estadual ou municipal, os benefícios também já são reais e a burocracia começa a ficar para trás. O Brasil já está entre os 20 países com melhor disponibilidade de serviços digitais, de acordo com ranking da Organização das Nações Unidas (ONU), sendo o líder nesse quesito na América Latina. Segundo o estudo, o País possui nível ‘muito alto’ de desenvolvimento de governo eletrônico.

Com a necessidade de isolamento social imposta pela pandemia do Coronavírus, o Governo Federal se apoiou em soluções tecnológicas e digitalizou, em apenas três meses, mais de 150 tipos de serviços. Solicitações de seguro desemprego e inscrições em programa de auxílio emergencial, por exemplo, puderam a ser feitas online. Antes de a pandemia ser decretada, a estimativa já era digitalizar 80% dos serviços públicos até o fim de 2020.    

Para atender demandas por informações atualizadas em relação ao avanço do Coronavírus no Brasil, foi realizada a migração de portais, dados e aplicativos para a Nuvem, para centralizar os bancos de informações sobre o assunto. Além disso, novas aplicações e sistemas foram desenvolvidos para possibilitar uma série de melhorias ao trabalho das equipes de gestão, vigilância e assistência do Ministério da Saúde, Secretarias de Estado da Saúde e Secretarias Municipais de Saúde, por meio do acesso a informações de forma mais rápida e com melhor integração com outras plataformas.

A atual situação na qual vivemos acelerou a aplicação de soluções tecnológicas na gestão pública brasileira. No entanto, as intenções de transformar o Governo em um exemplo de digitalização vem de muito antes e a evolução não deve parar por aqui.Recentemente, foi instituída a Estratégia de Governo Digital, criando um Comitê de Governança Digital para ajudar na coordenação da transformação de serviços, da unificação de canais digitais e da realização e interoperabilidade de sistemas.


O objetivo é que, até o final de 2022, todos os serviços digitalizáveis passem a ser realizados via Internet, promovendo o avanço de processos administrativos de forma ágil, facilitando e modernizando a vida da população brasileira. Atualmente, mais de 50% deles já estão totalmente digitalizados. Os demais, que já encaminham para o formato digital, ainda necessitam de um atendimento presencial ou de entrega de documento físico em alguma etapa.

A identificação digital do cidadão, a adoção de tecnologias em Nuvem, a promoção da integração e da interoperabilidade das bases de dados governamentais e a formação de equipes com competências digitais estão entre as principais metas estipuladas na Estratégia de Governo Digital, que também busca incentivar a adoção tecnológica por Estados e municípios.A migração de ambientes físicos para o virtual deve simplificar o acesso às plataformas oficiais pela população, além de unificar documentos, serviços públicos e portais do Governo.

A digitalização permitirá a integração de informações dos cidadãos, sem que seja necessário entrar em contato com diversos órgãos para mudar um dado cadastral, como endereço. Bastará regularizar o cadastro em uma plataforma e as informações serão sincronizadas com os demais sistemas de outros órgãos.

Muito além da desburocratização, a transformação digital também traz impactos positivos para a agenda ambiental, ajudando na diminuição drástica do uso de papel, economizando milhões de reais. Estimativas também indicam que a redução da burocracia, fraudes e erros causada pela digitalização deverá poupar R$ 38 bilhões nos cofres públicos, em cinco anos. A diminuição de gastos nessa área possibilitará ampliar a destinação de recursos para outros setores críticos como saúde, assistência social e educação.

Para colocar em prática essa jornada, os governos federal, estaduais e municipais não estão agindo sozinhos. Os projetos em desenvolvimento contam com o apoio de integradores de soluções digitais capazes de atender às demandas com segurança, capilaridade, estabilidade e de forma flexível, possibilitando a ampliação ou diminuição do fornecimento de ativos, como Nuvem, sempre que necessário. Diversas iniciativas já estão em andamento, principalmente baseadas em Cloud Computing, Analytics, segurança cibernética e conectividade, auxiliando na jornada. Nessa parceria público-privada, as gestões públicas somente têm a ganhar.

Passar por essa transformação não é uma tarefa fácil, especialmente quando falamos em centenas de processos, bilhões de dados e uma infinidade de especificidades em cada operação. Aliar o conhecimento profundo de agentes públicos em relação às demandas das gestões governamentais e da população com a especialidade de integradores de soluções digitais vem se mostrando o caminho ideal para alcançarmos em definitivo o conceito de Governo Digital.

Estamos vivendo em um novo mundo muito mais conectado, integrado e moderno. Do setor empresarial ao segmento público, a digitalização se mostra cada vez mais fundamental para acelerar o trabalho e otimizar recursos. A jornada digital será cada vez mais intensa nos próximos anos em todas as frentes de negócios e de prestação de serviços. O Brasil tem muito a crescer com o uso de tecnologias de ponta!

*Maria Teresa Lima é Diretora Executiva da Embratel para Governo

 

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