Opinião

A democratização do 5G e os desafios para as PPPs

A evolução na qualidade das tecnologias de comunicação exige, cada vez mais, esforços meticulosos para democratizar e integrar os usuários de diferentes segmentos. Com a tecnologia 5G, que nos próximos anos deve ser implementada em nosso país, custos com banda larga serão drasticamente reduzidos. Em comparação com a rede 4G, em que a velocidade de média de conexão é de 33Mbps, a quinta geração é de 50 a 100 vezes mais veloz, fazendo com que os dados possam transitar em altíssima velocidade e com baixa latência.

Primeiramente, os custos com as instalações residenciais diminuirão. Para se ter uma ideia, hoje, para cada ativação realizada por uma PPP (Prestadora de Pequeno Porte), gasta-se em torno de R$ 500 a R$ 800. Já para as grandes provedoras de Telecom, esse valor pode chegar a até R$ 1.200. Isso porque é preciso entender que logo de saída grande parte do investimento da provedora se dará na construção da infraestrutura de rede, ou seja, cerca de 30% do valor investido será no cabeamento de fibra óptica que uma cidade, mesmo que pequena, deve demandar para suportar o grande volume de dados que o 5G exige.

Um estudo realizado em agosto pela multinacional finlandesa de telecomunicações Nokia, em parceria com a empresa de consultoria e pesquisa Omdia, revela que a expectativa de impacto da quinta geração de internet no país é de US$ 1,2 trilhão no período compreendido entre 2021 e 2035. Ou seja, em até 15 anos no máximo com o 5G será mais barato investir em infraestrutura e no cabeamento das cidades, além de permitir uma melhor experiência para o usuário, com mais rapidez e com maior capacidade de tráfego.

A democratização da nova tecnologia e a Lei das Antenas

É fundamental que as PPPs se estabeleçam como prestadores de serviço de excelência e fortaleçam sua presença nas cidades menores. Assim, quando forem contempladas pelo Leilão do 5G terão o compromisso de catalisar esta reação para que os consumidores, localizados em diversas áreas periféricas do país, consigam desfrutar dessa revolução com um serviço mais qualificado.


A quantidade de equipamentos ativos que circulam pela rede também será bem maior. Hoje, a atual infraestrutura comporta até 2.000 equipamentos ativos por km², enquanto a rede 5G poderá absorver até 50 vezes mais. Com mais capacidade, aumenta o leque de serviços, ao mesmo tempo em que os serviços ganham mais agilidade.

Junto a isso, algo que foi conquistado recentemente, e contribuirá para a democratização no futuro, é a Lei das Antenas (Lei 13.116/2015), uma antiga demanda do setor de telecomunicações. Com o decreto 10.480 (de 1º de setembro de 2020), essa legislação teve alguns pontos fundamentais regulamentados e será possível ter menos burocracia e mais possibilidades de aumentar a cobertura das redes, o que melhorará, e muito, a qualidade dos serviços.

Como o 5G é muito diferente das gerações anteriores, teremos um aumento na demanda de instalação de antenas e a Lei vem para contribuir nesse processo de evolução no mercado de Telecom. O acesso à internet é de extrema necessidade, mas cada município tinha suas próprias regras para instalar antenas e isto gerava (e ainda gera) muito retrabalho e entraves para o desenvolvimento de muitas regiões.

A verdade é que, no final do dia, existe espaço para todo o ecossistema que orbita o segmento de Telecomunicações no país. A concorrência no setor eleva a qualidade e quem ganha com isso é o cliente, o consumidor final, a sociedade, o país. Trabalhar em prol da democratização da prestação de serviços no 5G será peça-chave para que o desenvolvimento chegue em todos os cantos do Brasil, e com as PPPs se tornando protagonistas nesse cenário, essa jornada será mais ágil.

*Lincoln Oliveira é CEO da Americanet, uma das principais operadoras de telecomunicações e conectividade do país.

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