Ericsson fez megaestoque de componentes para produzir 5G no Brasil
A Ericsson fez um megaestoque de componentes e não corre risco de sofrer com a crise de desabastecimento para a produção de 5G no Brasil, na unidade de São José dos Campos. “Houve um custo adicional por termos tomado essa ação? Sim, houve. Mas demos sorte porque escolhemos a máquina três meses antes de explodir a crise da Covid-19 na China. Com o megaestoque estamos prontos para atender mercado brasileiro e latino-americano”, pontuou o ainda presidente da Ericsson para a América do Sul, Eduardo Ricotta, que deixa a fabricante no dia 19 de abril para assumir a presidência da Vestas, companhia dinamarquesa de soluções de energia sustentável.
Expectativa da Ericsson é que, confirmado o leilão para julho, que a produção dos equipamentos possa começar o quanto antes para serem entregues ainda em 2020. “Muitos contratos já estão negociados com uma continuidade com as teles, mas é preciso esperar o leilão”, afirmou. Do ponto de vista fabril, a Ericsson prevê destinar 60% da produção para o mercado local e 40% para o mercado latino-americano.
Um dos pontos relevantes do investimento da Ericsson – que manteve o cronograma de aportar R$ 1 bilhão de 2020 a 2024, apesar da Covid-19 – é o registro de patentes, muitas delas já para o 5G, para a produção no Brasil e fora do país. “O nosso centro de Desenvolvimento trabalha localmente e mundialmente. Uma das nossas diferenças é fazer patente aqui”, reportou.
A Ericsson decidiu produzir equipamentos standalone – exigência da Anatel – mas também equipamentos não standalone. “Quem faz a demanda é quem compra, as operadoras”, completou. A Ericsson admite que não vai produzir equipamentos, ainda, para as faixas milimétricas, no caso para 26Ghz. “Precisamos avaliar a evolução da tecnologia”, disse.
Com relação à Lei de Informática- que correu risco de ser inviabilizada pela PEC 186 e que recebeu a promessa do Governo e do Ministério da Economia da redação de uma Medida Provisória para manter os incentivos fiscais fora da Zona Franca de Manaus – Ricotta disse confiar na palavra dada.
“Acredito mesmo numa solução razoável para frente”, reforçou. Do ponto de vista econômico, a oscilação do dólar é preocupante e determina um olhar atento. “Atrapalha bastante, torço para recuar a níveis melhores, mas sabemos que o dólar é o desafio. O Brasil não tem componente, que tem de vir de fora e do ecossistema da Ásia”, completou.