Teles denunciam, mas polícia não recupera antenas sequestradas no Rio
Se os ataques hackers por ransomware tiram o sono de corporações e órgãos públicos – com a paralisação dos serviços e a cobrança de resgate – as operadoras de telecomunicações vivem um momento inusitado: o sequestro de antenas celulares, especialmente, no estado do Rio de Janeiro. Bandidos ‘sequestram’ o espaço da antena, bloqueiam o sinal, furtam cabos e impõem a contratação de serviços piratas aos moradores dos bairros, atingidos pela ausência de sinal.
Segundo a entidade setorial Conexis, em março, havia 26 antenas de celulares e internet móvel “sequestradas’ e sem qualquer acesso por parte das teles, que também não conseguiam acesso a 110 equipamentos usados para fornecer serviços por rede fixa. Pelo menos 158 mil clientes sofreram com o caladão e com a ausência do sinal de Internet. O mais grave é que, até o momento, mesmo com a denúncia feita as autoridades policiais, as operadoras seguem sem acesso a parte dessas infraestruturas.
Os danos, não somente financeiros, são incalculáveis, uma vez que essas ações prejudicam a prestação de serviços essenciais como internet, ligações fixas e móveis. Apenas para reposição de equipamentos, o prejuízo para as operadoras supera R$ 116 milhões por ano, conforme expõe a Conexis.
No estado do Rio de Janeiro, o problema afeta principalmente 72 bairros, em quatro cidades: Rio de Janeiro, Itaboraí, Niterói e São Gonçalo. Além de colocar os colaboradores das operadoras em perigo, as ações comprometem serviços de utilidade pública como polícia, bombeiros e emergências médicas.
Por conta desses números, a Conexis Brasil Digital tem defendido com as autoridades de segurança pública o endurecimento na repressão deste tipo de crime, para que haja a devida punição aos que prejudicam a sociedade com tais delitos.
Já foi apresentada ao Ministério Público dos municípios uma notícia crime pedindo instauração de Procedimento Investigatório Criminal para apuração e adoção das medidas cabíveis que permitam o restabelecimento dos serviços e a contenção das atividades criminosas. “As empresas estão empenhadas em prestar o melhor serviço, mas nesses casos somos impedidos de fazer o trabalho”, completa o presidente executivo da Conexis Brasil Digital, Marcos Ferrari.