TCU adverte: sem dinheiro, universidades públicas falham na transformação digital
O TCU realizou um levantamento para verificar qual o planejamento e a oferta de cursos pelas Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) frente às necessidades do processo de transformação digital no setor produtivo, bem como as ações do Ministério da Educação com esse mesmo objetivo.
Em que pese a maioria das instituições terem informado que existe interlocução com o setor produtivo para alinhar o projeto pedagógico dos seus cursos com as competências exigidas por esse setor, em relação à necessidade de alteração nos projetos pedagógicos dos cursos para atender o setor produtivo e as transformações digitais nele ocorridas, apenas 33% das instituições entendem que devem ser realizadas alterações amplas, em diversos cursos, e 52%, pontuais, em poucos cursos.
Além disso, a grande maioria das instituições relaciona a insuficiência orçamentária como um fator preponderante que restringe a atualização dos projetos pedagógicos de cursos frente às mudanças do setor produtivo, pois inviabiliza, muitas vezes, o investimento em novos equipamentos, laboratórios e melhorias de infraestrutura, para melhor aderência do curso ao setor produtivo.
No entanto, faltam até infraestruturas básicas. Segundo o relatório, metodologias de ensino-aprendizagem mediadas por tecnologias digitais encontram-se prejudicadas pela deficiência da infraestrutura que suporta as atividades didático-pedagógicas. É notória a carência das Ifes de infraestrutura compatível. O acesso à internet banda larga, por exemplo, item básico para diversas tecnologias digitais, atende plenamente apenas 33% dessas instituições.
No mais, apesar da existência de algumas ações, “o MEC não possui política centralizada que abarque ações de fomento, capacitação de docentes, fórum institucionalizado de comunicação entre setores acadêmico e produtivo, definição de recursos tecnológicos prioritários e financiamento de infraestrutura tecnológica, entre outros temas fulcrais para o aperfeiçoamento dos cursos em função da transformação digital”, observou o relator Walton Alencar Rodrigues.
Como explica o TCU, “buscou-se conhecer das Ifes as ações planejadas e em andamento no intuito de que os cursos ofertados por estas instituições se alinhassem às novas demandas advindas do processo de transformação digital. Também buscou-se conhecer as condições de infraestrutura de acesso às tecnologias digitais nessas instituições, bem como os principais entraves a esse alinhamento”.
Segundo o relator, “a matéria é instigante e exige profissionais com mente aberta para dela tratar. Os reflexos desse processo sobre a educação das novas gerações e sobre o mercado de trabalho são imensos. A expectativa é de que, até 2030, a inteligência artificial e a robótica extingam três de cada dez postos de trabalho tradicionais hoje existentes, criando outros, bem mais especializados, no lugar”.
O relator aponta o risco de que profissionais sem aptidão para utilizar tecnologias digitais estão fadados à obsolescência e ao desemprego, serão os ‘analfabetos do futuro’. “Instaura-se o período das tecnologias 5G e 6G. Países que, tempestivamente, não as adotarem, ficarão para trás, em um mundo caracterizado pela intensa competição”.
* Com informações do TCU