Só um em cada quatro museus do Brasil tem acervo na internet
Uma nova pesquisa do NIC.br revelou as fragilidades ligadas ao acesso às tecnologias de informação e comunicação nas instituições culturais – o que aponta para a carência de investimentos em infraestrutura tecnológica e conectividade. Segundo a TIC Cultura, só 38% dos museus permite acesso digital ao acervo, sendo que apenas 25% disponibiliza pela internet.
Divulgados nesta quinta, 17/6, os dados apontam que o acesso do público a esses materiais se dava majoritariamente na própria instituição (30%), e não remotamente por meios digitais, como em plataformas ou redes sociais (15%), site da instituição (13%) ou, ainda, repositórios de acervos digitais (12%).
Além disso, a proporção dos que não utilizaram computador e internet nos 12 meses anteriores à pesquisa era maior entre bens tombados, bibliotecas e museus. Em 2020, cerca de um quarto das bibliotecas (25%) e museus (23%) e dois quintos dos bens tombados (40%) não faziam uso da rede.
A falta de infraestrutura de acesso na região foi mencionada por 15% dos responsáveis pelas bibliotecas e 11% dos responsáveis pelos bens tombados e pelos museus como motivos para explicar o problema. Já o alto custo da conexão, por 14% dos gestores de bens tombados, 10% de museus e 9% de bibliotecas. Cerca de metade dessas instituições possuía infraestrutura que possibilitava o acesso às tecnologias digitais por parte da população.
Segundo o estudo, os recursos disponíveis nos websites são basicamente para a publicação de informações institucionais, como endereço, contato e horário de funcionamento; programação e notícias sobre os espaços culturais. Já atividades na internet – como visitas virtuais ou transmissão de vídeos ao vivo/ streaming – eram recursos menos ofertados por todos os tipos de equipamentos culturais, embora tenha havido um aumento deste último no período analisado, sobretudo, entre arquivos (23%), teatros (18%) e museus (9%).
Nas redes sociais, anúncios sobre programação e postagens de fotos das atividades realizadas foram bastante difundidos entre todos os tipos de equipamentos culturais investigados, sendo um pouco menos comum o compartilhamento de registros em vídeos ou áudios.
Na oferta de serviços remotos, a realização de oficinas ou atividades de formação a distância foi também incipiente, tendo alcançado em 2020 pouco mais de um quinto dos arquivos (23%) e dos pontos de cultura (21%), com ainda menores proporções entre os demais tipos de equipamentos culturais. Já a venda de produtos ou serviços pela Internet teve destaque apenas entre cinemas (58%) mas, mesmo entre estes, a venda ou reserva de ingressos online não chegou a um terço das instituições (31%).
“A pesquisa foi planejada no início de 2020, e a coleta dos dados começou em fevereiro, portanto, antes de a crise sanitária ser deflagrada no país. Embora não tivesse como meta capturar os efeitos da pandemia, o estudo apresenta resultados muito relevantes nesse contexto, ao diagnosticar o preparo que essas instituições tinham para se adaptar a esse novo cenário”, afirma Alexandre Barbosa, gerente do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, Cetic.br, o braço de pesquisas do NIC.br.
O levantamento entrevistou 2.193 responsáveis por arquivos, bens tombados, bibliotecas, cinemas, museus, pontos de cultura e teatros.