Pacto de Inovação e Competição nos EUA. Já aqui no Brasil…
Para surpresa geral, o Congresso norte-americano, com os votos democratas e republicanos, aprovou o Plano de Inovação e Competição. O montante de investimentos é de US$ 250 bilhões para Ciência e Tecnologia. O governo Biden está firmemente empenhado em fortalecer sua economia, para enfrentar a competição chinesa. Os investimentos focados na indústria do futuro, na digitalização da sociedade com os softwares mais atuais visam esses grandes desafios.
A Pandemia da Covid deixou claro quem são os parceiros que disputam os avanços tecnológicos, por meio dos centros de pesquisa mais capacitados e eficientes e de uma indústria de equipamentos capaz de enfrentar uma crise como a que vivemos. Enquanto isso, o orçamento da ciência e tecnologia do Brasil para este ano é um terço do que foi definido para 2020, dependendo de possíveis aportes suplementares.
O CNPQ não dispõe de recursos para bolsas de pós-graduação, nem insumos para manutenção das pesquisas em andamento. Nossas universidades alertam para a impossibilidade de continuar operando no próximo semestre por falta de recursos destinados a itens básicos, como limpeza, segurança e manutenção das instalações.
O processo de desindustrialização do país nos últimos anos, subordinado a uma política “comandada pelo mercado”, com a orientação de que não devemos produzir aquilo que podemos importar mais barato, nos gera uma dependência de consequências incomensuráveis.
Percebemos o tamanho das dificuldades desta dependência externa com a desnacionalização da indústria de software e serviços, agravada com a constante migração de nossos melhores recursos humanos para o exterior ou para trabalhar remotamente subordinados a centros de pesquisa estrangeiros. Como ficarão nossa medicina, nossa educação ou nossas cidades no futuro, nos condenando a uma total dependência externa?
Com a ausência de recursos orçamentários, cabe ao Congresso Nacional determinar que uma parcela significativa dos recursos advindos das privatizações seja alocada para manutenção e investimentos em Ciência &Tecnologia. É necessário que garantam, pelo menos, a manutenção dos projetos em andamento, contribuindo para um futuro menos dependente dos desenvolvimentos de outros países. Devemos assegurar a permanência dos recursos humanos tão necessários para desenvolvimento econômico e social do País.
Benito Paret é Presidente do TI RIO – Sindicato das Empresas de Informática.