Highline confirma interesse no leilão 5G, mas quer ISPs como operadoras virtuais
A Highline assume o interesse de participar no leilão 5G, mas assegura: não vai entrar na oferta de serviços aos consumidores finais. O plano da empresa, controlada pela norte-americana Digital Colony e que investe em redes e torres de telecomunicações, tanto que comprou as torres da Oi, é negociar contratos com provedores Internet e com as operadoras de telecomunicações de menor porte.
“Eles teriam de assumir um compromisso de fazer a oferta do serviço ao consumidor porque a compra do espectro exige muitas obrigações. Nós, Highline, compraríamos a licença e daríamos a infraestrutura. Os parceiros seriam operadores virtuais”, explicou o diretor de Estratégia e Novos Negócios, Luis Minoru, ao participar de um webinar promovido pelo portal TeleSíntese, sobre redes neutras.
Minoru fez questão de rechaçar qualquer possibilidade de a Highline vir a competir com os seus clientes na oferta de serviços. “Isso está fora dos nossos planos”, garantiu. Segundo ele, há muitos provedores e operadores de menor porte que já são donos de infraestrutura e não vão querer esse tipo de acordo de compartilhamento e vão tão somente comprar infraestrutura passiva.
Mas, adicionou, há outros que vão seguir investindo em fibra ótica- e a Highline não detém fibra ótica- mas não querem gastar com espectro 5G, mas almejam ofertar serviços com a nova tecnologia. “Esse é o modelo que acreditamos ser o mais viável. Os nossos parceiros não vão se preocupar com a infraestrutura básica nem com espectro. Vão se preocupar em fazer serviços ao cliente final”, detalhou.
Quem também participou do webinar foi a American Tower, a principal empresa de infraestrutura de ativos do país. De forma mais cautelosa, Daniel Laper, diretor de Novos Negócios e IoT da empresa, disse que, sim, a empresa está atenta aos movimentos do leilão 5G e não descarta qualquer possibilidade de novo negócio. Laper afirmou que o 5G será um catalisador de infraestrutura sem precedentes e um impulsionador do compartilhamento de infraestrutura. Mas o executivo preferiu não definir muito quais seriam os passos da American Tower rumo ao 5G.
Para a diretora do departamento de Políticas de Telecomunicações e Acompanhamento Regulatório do Ministério das Comunicações (MCom), Nathalia Lobo, o fato de as operadoras e provedores de infraestrutura poderem sentar à mesa e negociarem o compartilhamento será um ganho do 5G, uma vez que as operadoras vão se dedicar ao que sabem: prestar serviços aos consumidores e os detentores de infraestrutura vão se mobilizar para assegurar que as redes funcionem de forma adequada. “Esse modelo mais à frente permitirá inovações. O brasileiro é criativo”, pontuou.