Teles ‘pagam o pato’ e têm reputação abalada pelo telemarketing
O conselheiro da Anatel, Carlos Baigorri, defendeu nesta terça-feira, 29/06, na live promovida pela Conexis Brasil Digital, que a autorregulação do mercado secundário de espectro, previsto na lei 13.879/2019, que atualiza as regras das telecomunicações. Para ele, a melhor saída é deixar o mercado resolver seus problemas antes de tentar fazer qualquer normatização.
“Uma vez que não se tem uma visão de quais são os problemas efetivos que precisam ser resolvidos por meio da regulação, acaba-se criando o fenômeno de excesso de regramento, o que afasta oportunidades que deveriam ser legitimamente exploradas pela iniciativa privada”, observou Baigorri.
O mercado de roaming nacional é outro que, segundo Baigorri, pode ser autorregulamentado, uma vez que tema não está bem endereçado e é uma oportunidade para mostrar maturidade, independente de regras. Baigorri também defendeu que mais setores façam adesão à plataforma Não Me Perturbe, criada pelas empresas de telecom, e que permite o bloqueio de ligações de telemarketing de serviços de telecomunicações e também de crédito consignado.
“Eu acho que o setor de telecomunicações agora, com o apoio da Anatel, tem que buscar os outros setores que continuam incomodando. Porque no final tem um custo reputacional para as operadoras e para a própria Anatel”, afirmou Baigorri. O conselheiro da agência reguladora lembrou que, em 2019, 48% das chamadas de telemarketing eram feitas pelas operadoras e em 2020, depois da implantação da plataforma, esse percentual caiu para 6%. Segundo ele, o desafio agora é buscar os setores que respondem por esses 94% das ligações.
“Esse é o desafio agora, o desafio não é o setor de telecom parar de incomodar, é o cidadão parar de ser incomodado por quem quer que seja. A parte do setor de telecomunicações está bem resolvida, bem endereçada. Agora vamos buscar os outros que não são telecom, mas continuam incomodando o consumidor”, disse. O diretor de Regulação e Autorregulação da Conexis, José Bicalho, afirmou que o setor tem conversado para conseguir mais adesões à plataforma.
“O setor bancário já aderiu, mas a gente ainda tem diversos setores como varejo e plano de saúde que ainda poderiam participar e estamos buscando para ver se eles têm condições de entrar para a Não Me Perturbe”, afirmou. A plataforma Não Me Perturbe, em operação desde julho de 2019, já tem mais de 8 milhões de números de telefone cadastrados para não receber chamadas de telemarketing e empresas de telecom e de bancos.