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Telecom

Compartilhamento de rede, fibra e espectro: promessas ainda superam ações na AL

A pandemia de Covid-19 referendou o abismo digital da América Latina e ações precisam ser tomadas para acelerar a infraestrutura de telecomunicações na região, até por conta do desembarque do 5G, mas muito, muito mesmo, ainda tem de ser feito e até compactuado entre os atores da cadeia de valor, afirmaram os especialistas convidados para o painel ‘O Futuro e a Evolução das Telecomunicações na América Latina’, realizado no primeiro dia do Tech Fórum Latam, organizado pela Network Eventos, pelo portal Convergência Digital e pelo site Evaluamos, da Colômbia.

“Precisamos saber onde há a competição. Temos de compartilhar porque o desafio é chegar com serviços para toda a população. O esforço e do Estado, uma vez que os governos têm de entender que o espectro faz parte da oferta de serviços, de nós, teles, porque temos de investir, mas de maneira inteligente. E o compartilhamento de infraestrutura é inteligente”, ressaltou Alfonso Gómez Palacio, CEO Hispam Norte da Telefónica.

Os executivos presentes ao Tech Forum Latam 2021 concordam que o compartilhamento avançou, que ações estão acontecendo, mas clamam por ações mais rápidas. Marcio de Jesus da Silva, diretor de B2C da Algar Telecom, afirma que ainda falta maturidade para o compartilhamento de rede. “O Brasil  é caro, tem uma carga tributária muito pesada e a indústria se ressente de maturidade no compartilhamento, apesar de sinais positivos. Precisamos tornar os acordos mais reais. Ter acesso à rede é uma coisa, mas temos de ter acesso para sermos mais competitivos, o que, hoje, não é uma realidade”, afirmou.

Fazer mais

O Estado tem de fazer mais e apoiar as operadoras entrantes na América Latina, firou o CEO da WOM Colômbia, Chris Bannister. Com pouco mais de quatro meses de atuação no país, a WOM já contabiliza mais de 1 milhão de assinantes e investimentos de US$ 400 milhões. A WOM escolheu o Chile e a Colômbia para atuar. “O Brasil era caro e não nos dava condições de investir como queríamos. A Colômbia nos deu incentivos para sermos entrantes. Temos de incentivar o compartilhamento para levar conexão às áreas rurais”, reforça Bannister


O presidente da Abranet, Eduardo Neger, destaca que é preciso estreitar as parcerias, mas admite que ainda há muitos pontos para serem superados. “Se quisermos que as zonas rurais tenham acesso às aplicações necessárias, não há sentido competição na infraestrutura. Aplicações exigem antena, exigem fibra. O 5G abre frente para parcerias nas aplicações. Nós somos muito ricos em aplicações. Podemos mudar o nosso status no mundo. A competição não acontece no segmento técnico, mas, sim, na turma do marketing”, pontua o executivo.

O diretor de redes da TIM Brasil, Marco Di Constanzo, diz que já há ações para a correção dos erros do passado tanto por parte das operadoras como por parte dos legisladores. Lembrou o acordo firmado entre TIM e Vivo para ter single grid nas cidades com menos de 30 mil habitantes. “Esse é um caminho sem volta”, detalhou. Di Constanzo lembrou que fibra ótica não é um bem escasso como espectro, mas é um bem muito caro e não faz sentido algum ter redundância de investimento. “Já temos mais de 4000 mil sites em ran sharing. Sou otimista. O compartilhamento é um mantra na TIM e temos convicção que a competição não está na rede”, adicionou.

O presidente da ETB da Colômbia, Sergio González, corrobora: não faz qualquer sentido criar redes paralelas como modelo de competição. “Tudo passa pelo compartilhamento, mas precisamos quebrar a construção do monopólio existente na região”, detalhou. Para Gonzalez, a pandemia mostrou que um a cada dois lares na Colômbia não tem banda larga fixa. “É um abismo digital absurdo. Se queremos reduzir o gap digital, temos de conectar mais e mais lares e tudo passa pelo compartilhamento e por melhores condições de concorrência”, relatou o executivo.

O chefe de tecnologia da Commscope, Hugo Ramos, lembrou que a região – muito em função da pandemia – passa, hoje, pela transformação de provedores de serviços de rede para provedores de serviços digitais. “Há três anos se falava de transformação digital e parecia muito distante. A pandemia fez tudo acontecer. E vimos que as redes estão construídas com suporte porque telecomunicações foi essencial e funcionou”, observou. Para Ramos, a cadeia de conectividade só vai gerar valor, indo além da infraestrutura se houver investimento na geração de talentos. “Temos potencial, mas temos de ter mais talentos”, advertiu.

Posição também defendida por Francisco Guimarães, da Pipefy, que recém-recebeu um aporte de US$ 75 milhões do SoftBank. “O modelo de atuação passa por conquistar os clientes com melhores serviços. O cliente ficou mais exigente e as operadoras têm de apostar em serviços. Temos seis anos de atividade e há quatro anos estamos no mercado de telecom. Serviços serão o diferencial”, pontuou. Assistam.

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