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Quanto custa uma decisão errada sobre dados no governo

Para a customer advisor para o setor público do SAS, Aline Riquetti, o grande desafio é converter o dado em informação e inteligência.

Assim como na iniciativa privada, o que os governos almejam ao analisar dados é a eficiência. Ou seja, entregar um serviço de maior qualidade para os cidadãos com o menor custo possível. Em entrevista ao podcast Decisão Digital, do SAS, no episódio Analytics no governo: quanto custa uma decisão errada para um país?, Aline Riquetti, customer advisor para o setor público do SAS, deu um panorama da adoção de ferramentas de análise de dados e comentou sobre os entraves e as oportunidades que existem para a iniciativa pública.

“O principal desafio é converter o dado em informação e inteligência. Qual é o tipo de técnica mais adequada para transformar aquilo — que é um monte de número, de informação — em algo que possa ser aproveitado para pensar em uma política pública eficiente?”, disse. Além disso, Aline Riquetti apontou o compartilhamento de dados entre os diferentes órgãos governamentais a digitalização da informação, principalmente, nos pequenos municípios como empecilhos a serem superados. Outro ponto é a qualidade dos dados que são inseridos nos sistemas.

Vencendo tais desafios e implantando uma cultura direcionada a dados faz com que os gestores tenham conhecimento sintetizado nas mãos para tomarem decisão. Também aumenta a transparência, colocando analytics como um pilar importante na prevenção à  corrupção e a desvios de recursos. Mas quais são os passos que o governo precisa dar para estar orientado a dados?

De acordo com Aline Riquetti, partindo de um cenário de um governo que é zero por cento orientado a dados, o primeiro passo é o desenvolvimento e a aquisição de alguns sistemas para armazenar os dados. Isso é garantir que hospitais trabalhem com prontuários dos pacientes digitalizados ou que professores armazenem as informações dos estudantes em sistemas, por exemplo.


“O segundo passo é pegar estas informações que foram inseridas em sistemas e colocá-las  em banco de dados ou data lakes para que possam ser consumidas posteriormente por outros sistemas de forma estruturada ou não”, explicou. “Avançando um pouco mais, o que estes sistemas vão fazer é coletar as informações que estão armazenadas e integrá-las; vão buscar informações de diferentes órgãos governamentais que estão dispostos em diferentes sistemas, integrá-las, cruzá-las e dar tratamento para estes dados possam prover resposta a um problema específico com a garantia de que aquele dado de entrada tem a qualidade necessária”, completou.

Assim, capturar a informação, estruturar e integrar são etapas decisivas no processo de análise de dados. Com esses pilares estruturados, é possível avançar e amadurecer mais para obter inteligência. “Começa a criar dashboards, painéis, relatórios para acompanhar eventos passados. Vai gerar gráficos de linha de tempo, posicionar informações de maneira geográfica, desenvolver KPIs com indicadores essenciais para a tomada de decisão. Isso tudo é amadurecer o uso de dados”, detalhou.

Indo além, chega-se à à modelagem preditiva, que é quando se tenta entender o que vai acontecer. “Com base nestas predições começamos a fazer ações preventivas. Por exemplo, quem é o cidadão mais propenso a tomar determinada ação ou qual é a pessoa mais propensa a determinada conclusão ou o estudante mais propenso à reprovação.”  De acordo com a especialista, o ápice do uso de dados para a inteligência analítica é quando se pegam eventos do passado e se começa a prever eventos do futuro para tomar ações que possam ser preventivas.

Questionada sobre a maturidade de analytics pelo governo, Aline Riquetti assinalou que é discrepante a adoção pelos diferentes órgãos e esferas. “Enquanto há alguns que estão extremamente avançados no uso analytics, que são pioneiros na adoção, há outros que têm severas resistências à adoção; e, quando falo isso, é coisa elementar como a digitalização dos processos”, analisou.

Melhorar esse cenário e tornar analytics parte do governo passa pelo incentivo e interesse da alta gestão. O sucesso, disse Riquetti, está atrelado ao engajamento da equipe, de todas as áreas dentro de um órgão, de uma instituição. “Quando tem alta gestão engajada, o projeto tem mais chance de ter sucesso”, disse. 

Escute o podcast completo em https://open.spotify.com/episode/44lKfADRMThXmu8mt5G4QC?si=88374f308caa47c4&nd=1 

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