Europa decidirá se big techs vão pagar pelo uso da rede de telecom
A Comissão Europeia vai lançar uma consulta pública para saber se as gigantes de tecnologia dos Estados Unidos – Google, Facebook e Amazon – têm de cobrir custos de uso das redes de telecomunicações, como reivindicam as operadoras de telecomunicações. A informação é do comissário do Mercado Interno da Comissão Europeia, Thierry Breton. Segundo ele, a consulta será liberada no primeiro trimestre de 2023. A mesma consulta pública também deverá abranger uma possível regulamentação ao Metaverso.
A consulta pública deverá ter até seis meses para o envio das contribuições. As operadoras europeias há muito pedem às empresas de tecnologia dos EUA que contribuam para o desenvolvimento e a operação de suas redes. Um relatório da ETNO, grupo de indústria europeu, observou que Meta Platforms, Alphabet, Apple, Amazon, Microsoft e Netflix respondem por 56% do tráfego em redes fixas e móveis, mas fizeram “pouca ou nenhuma contribuição” para os custos de desenvolvimento da infraestrutura.
A discussão sobre a assimetria também existe no Brasil e ganhou novo fôlego com a chegada do 5G. Em evento, o presidente da TIM Brasil, Alberto Grizelli, reforçou que as operadoras estão fazendo grande parte dos investimentos, fazendo rollout do 5G acima da meta, viabilizando serviços das OTTs, que acabam gerando valor para elas, sem que essas empresas tenham feito qualquer grau de aporte na infraestrutura. “A distribuição desse valor é que ficou desfavorável para as operadoras. Entendo que há um compromisso para o desenvolvimento de políticas que permitam mais equilíbrio para as regras”, adicionou.
Os modelos de negócios estão sendo espremidos para os provedores de infraestrutura enquanto os OTTs e os big techs prosperam, denunciou estudo produzido este ano pela GSMA. O relatório apura que a receita em toda a cadeia de valor da Internet dobrou em cinco anos, de US$ 3,3 trilhões, em 2015, para US$ 6,7 trilhões, em 2020, com grande parte desse crescimento vindo dos serviços online, cuja receita aumentou, em média, 19% ao ano em 2020. Por sua vez, o retorno de investimento em infraestrutura para os operadores de telecomunicações ficou bem abaixo, entre 6% e 11%.
