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NEC negocia identidade digital para recém-nascidos no Brasil e na Argentina

A América Latina não é uma região na qual se identifica a falta de registros de recém-nascidos. Mas o desafio está em tomar informação das pessoas de tal modo que sejam úteis para o resto de suas vidas. Assim Daniel Bergonzelli, diretor-regional de desenvolvimento de negócios da NEC, abriu o painel sobre o desafio da identificação de crianças e recém-nascidos para países em desenvolvimento nesta quinta-feira (17/11) no Smarter Cities & Digital ID. 

Ao apresentar dados de estudo que mapeou o reconhecimento biométrico em crianças, Stephanie Shuckers, diretora do Center for Identification Technology Research (CITeR), dos Estados Unidos, ressaltou que a biometria da íris é a que apresenta melhores resultados. O estudo foi feito com um banco de dados de 200 crianças cujos dados biométricos foram coletados a cada seis meses e durante seis anos. 

Os resultados mostraram que a biometria da íris ficou estável por seis anos e os erros foram atribuídos à qualidade. A biometria facial teve desempenho degradado em três anos, ainda que o modelo MagFace, mais avançado, tenha apresentado menor degradação. O reconhecimento por voz é o de pior desempenho, já que ela muda consideravelmente conforme a criança cresce.

No Brasil, conforme assinalou Antônio Maciel Aguiar Filho, presidente do Conselho Nacional dos Órgãos Oficiais de Identificação Civil e Criminal (Conadi),  e da Federação Nacional dos Profissionais em Papiloscopia e Identificação – Fenappi, existe projeto que vincula dados biométricos da criança desde o nascimento e aos da mãe, ainda na maternidade. “Isso vai garantir segurança na certidão de nascimento e no CPF, lembrando que o decreto 10977/22 coloca que adota o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas como registro geral nacional”, disse.


Aguiar Filho ressaltou que coletar e cadastrar dados biométricos desde o nascimento da criança estabelecer garantias mínimas na prevenção de crimes, como adoção ilegal e tráfico de crianças. “Hoje temos a falta de um dispositivo capaz de identificar a criança adequadamente”, apontou. No Equador, há, segundo explicou José Miguel Pérez, diretor de registro civil de Guayaquil, uma lei que obriga os médicos que qualquer lugar a registrar em formulário os dados do recém-nascido. “A criança, assim que nasce, tem uma cédula de identidade. Evitamos que a criança seja inscrita no sistema duas, três vezes”, disse ele. Todas as crianças são inscritas e têm os dados biométricos capturados a partir de que tenham três meses de idade. 

Identificação digital para recém-nascidos

A NEC, como impulsionadora da Synolo, desenvolvedora norte-americana de um sistema para capturar a impressão digital em crianças, negocia com países na América Latina, em especial Argentina e Brasil, para o uso do sistema biométrico NEO, informou Daniel Bergonzelli. O CTO e cofundador da Synolo, Steve Saggese, participou do Smart Cities & Digital ID.

Ele admitiu que capturar a impressão digital em crianças, especialmente em recém-nascidos ou crianças muito pequenas, é um desafio devido às condições da pele e às mudanças que a criança passa com o próprio crescimento. O uso tradicional de tinta revela deficiências para a identificação e prevenção do tráfico de menores, pontuou o executivo.

A empresa norte-americana tem um sistema que está sendo usado em uma ONG de Nova York, com o objetivo de capturar a pegada digital dos bebês. Criada em 2021, a Synolo possui 10 unidades do NEO e há o plano de avançar com a sua produção. “Hoje os sistemas de identidade digital são usados por crianças a partir de três anos, mas precisamos avançar para os recém-nascidos”, reforçou Saggese. A NEC é uma investidora, mas a Fundação Gates, do milionário Bill Gates, também aportou US$ 3 milhões na iniciativa.

*Colaborou Ana Paula Lobo

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