PIX e transações eletrônicas vão impactar até 2% do PIB nacional
Bancos admitem que o PIX exigiu maior atenção à jornada do cliente. O futuro do meio de pagamento passa pela predominância do QR Code e do uso da biometria para autenticar as transações.
Os populares pagamentos por PIX mudaram não só a rotina dos usuários de serviços financeiros, como incluíram novas pessoas no sistema e obrigaram empresas e bancos a repensar modelos de negócios e adoção de novas tecnologias. Em um painel com características raras, uma vez que contou com a presença só de mulheres em um evento com domínio masculino, o FEBRABAN TECH perguntou: qual será a nova fronteira do PIX?
Para responder, Mayara Yano, assessora sênior do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central do Brasil, traçou um histórico do PIX desde seu lançamento e destacou a redução da circulação do dinheiro em papel como algo positivo para a economia. “A migração para transações eletrônicas pode representar entre 1% e 2% do PIB”, afirmou.
Para ela, as janelas que serão abertas pelo PIX não estão inteiramente conhecidas, apesar de, no horizonte, o setor financeiro trabalhar com o sistema como plataforma para qualquer assunto de pagamento e transferência. Cristina Gouveia, diretora de TI do Banco Itaú, disse que, com o PIX, os bancos tiveram que passar a estudar com lupa a jornada do cliente, para se manterem competitivos. O PIX, segundo ela, abriu oportunidades para novas tendências e modelos de pagamentos, como a carteira e o cartão digitais e, mais recentemente, a criptomoeda.
Já Patrícia Sousa, diretora de Digital Platforms and Commercial Cards do CITI – banco focado em empresas – recordou que, para as organizações, o PIX gerou um impacto estrutural, obrigando-as a rever modelos comerciais e os sistemas de retaguarda. “Estamos conversando inclusive com as tesourarias das empresas para criar novos modelos de contas a pagar e receber”, pontuou.
De acordo com ela, as empresas enfrentam o desafio de interpretar o momento e transformá-lo em caso de uso. A executiva disse que o PIX pode ser um diferencial para varejistas convencionais e online e lembrou a normativa da ANEEL [Agência Nacional de Energia Elétrica] que passou a permitir o pagamento de contas usando o sistema. “O pagamento de boleto por PIX tem sido um fator interessante”, destacou.
Como avanço tecnológico, as executivas apontaram que os bancos precisam respeitar o pagamento sem fricção, a essência do PIX. Por isso, enxergam a predominância do QR Code e o uso da biometria para autenticar as transações. “O QR Code pode ser muito importante também nas transações B2B (business-to-business) e B2C. (business-to-consumer). Há muita coisa a ser desenvolvida nessa área”, destacou Cristina Gouveia, diretora de TI do Itaú Unibanco.