Febraban Tech 2023

Bancos de nicho avançam com personalização dos serviços

Conta Black, voltada para pessoas pretas e periféricas, é um dos exemplos desse novo modelo que surge entre fintechs e bancos tradicionais.

Especial Febraban Tech 2023

Na esteira do surgimento dos bancos digitais e fintechs, são criadas instituições de nicho para atender às necessidades específicas de determinados grupos. A Conta Black, por exemplo, mira no público de pessoas pretas e periféricas, com o objetivo de oferecer acesso a quem não tem. A NG.CASH é uma carteira digital focada na geração Z (nascidos entre o final dos anos 1990 e início dos anos 2010) e que soma 1 milhão de contas abertas. E o Next nasceu, em 2017, como braço digital do Bradesco para aumentar a penetração do banco junto ao segmento que se identifica com marcas digitais. 

“A Conta Black nasce a partir de um desafio. O Sérgio [All], que é meu sócio e empreendedor preto, consumia serviços de um banco e, quando precisou solicitar crédito, teve o crédito negado, apesar de ter todas as aptidões para conseguir. Sabemos que há problemas de viés por trás de tudo. A partir daí, começamos a entender isso como possibilidade de negócios e a Conta Black nasce para atender a pessoas como nós”, contou Fernanda Ribeiro, cofundadora e CEO da Conta Black e presidente da Associação Afrobusiness, ao participar de painel no FEBRABAN TECH, realizado em São Paulo de 27 a 29 de junho.

O mercado vem passando por uma transformação grande, e tanto bancos de nicho como players gigantes estão olhando para outro pedaço do mercado, que atinge uma geração nova, destacou Cyllas Elia, CEO da 2GO Bank. “Nós nascemos atendendo ao mercado de nicho de criptoativo. No serviço financeiro, você não tem pote de ouro, você ganha com vários produtos”, acrescentou. 

A estratégia de nicho, apontou Petrus Ballhausen Arruda, cofundador e COO da NG.Cash, é a melhor forma de otimizar a experiência do usuário para resolver dores específicas. “Mas, antes da explosão dos bancos de nicho, houve uma explosão de fornecedores que foram a base da pirâmide para permitir o surgimento de bancos de nicho. E bancos de nicho também foram a forma de empreendedores começarem com foco”, disse Arruda. 


Mas qual é a relação entre os bancos de nicho e os tradicionais? Eles não são excludentes, apontaram os executivos. “Houve uma virada forte durante a pandemia. Todos os ativos eram precificados pela base de clientes, mas o mercado virou e hoje é quem consegue a melhor rentabilidade por ativo, com eficiência de custos, tendo clientes e acionistas satisfeitos. Vamos ver, no futuro, consolidações, um movimento de fintechs e também de contas de nicho que têm marca mãe mais forte ou incumbente”, apontou Leonardo Senra, head de Ciclo de Vida e Comunicação do Next. 

Fernanda Ribeiro, da Conta Black, avaliou que o mercado saiu da desbancarização para a hiperbancarização e, neste mercado, as instituições de nicho saem na frente porque entendem a personalização. “Mas acho superimportante trazer esse olhar dos grandes bancos, porque promove estímulos à inovação; todo mundo começa a se movimentar. Quando eu trago para a minha realidade, é um passo atrás, porque estou promovendo o acesso a um público que ainda não teve acesso e neste processo vamos criando o mindset de futuro”, enfatizou a executiva.

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