Opinião

A tecnologia como estratégia para o desenvolvimento econômico e social

O futurista Peter Diamandis tem alertado desde 2016 que o que faremos nos próximos 30 anos afetará o futuro da raça humana nos próximos milênios. Nós estamos vivendo um dos momentos mais emocionantes da história humana e as evidências estão cada vez mais claras, particularmente neste 2023.

Em um país desigual e complexo como o Brasil, a implementação de políticas públicas, a partir do potencial das novas tecnologias, pode fazer a diferença para o futuro de milhões de pessoas. O desafio atual reside na cooperação para adoção das melhores práticas de inovações tecnológicas, mas com ética e segurança, não apenas pelo mercado, mas pelo poder público e pelos usuários. Eficiência e eficácia são os mantras.

A transformação digital já é uma realidade nos laboratórios das empresas, e traz consigo ferramentas poderosas, como a Inteligência Artificial, a Web 3.0 e a Internet das Coisas, que podem impulsionar a transformação social em diversos setores da sociedade, ampliando o acesso à informação, educação, inclusão financeira, saúde, combate à fome e às mudanças climáticas.

As plataformas de compartilhamento de alimentos, por exemplo, podem conectar restaurantes, supermercados, produtores e organizações sem fins lucrativos para a redistribuição de excedentes. Na agricultura, a Inteligência Artificial já está revolucionando o setor, melhorando a precisão dos processos e o monitoramento de colheitas.

Na saúde, leva a melhores diagnósticos, tratamentos e a gestão de doenças, promovendo resultados mais expressivos para os pacientes. Contudo, para que o Brasil possa aproveitar da melhor maneira o que a evolução tecnológica oferece, é essencial ter encontros abertos que agreguem as melhores “cabeças” juntas para debate.


É comum observar eventos internacionais, nos quais as últimas tendências de tecnologia são debatidas nas capitais industriais ou de tecnologia, mas, apesar da grandeza desses eventos, entendemos necessário que o poder público também se inclua nessa pauta e receba na sua capital a visão estratégica dos objetivos a serem alcançados, de maneira a potencializar o alcance das políticas através do diálogo cooperativo com os vários setores da sociedade.

O país, que é um dos maiores consumidores de internet do mundo, deve também se tornar produtor de conhecimento, tecnologia e inovação e precisamos garantir as condições para que isso se torne realidade. Sabemos que temos grande potencial para isso.

O Brasil foi referência internacional em relação a políticas tecnológicas, com a instituição do Marco Civil da Internet e a criação do Comitê Gestor da Internet. No setor financeiro, foi muito bem-sucedido com a criação da regulamentação de fintechs e mais recentemente com o Pix – essa inovadora plataforma de pagamento instantâneo que revolucionou a inclusão financeira, beneficiando milhões de brasileiros – e possui um ambiente positivo, com forte digitalização e novas tecnologias de mercado.

Vale destacar que a aplicação das novas ferramentas digitais requer uma regulamentação principiológica e a atuação conjunta de governos, organizações e comunidades para garantir sua segurança, sustentabilidade, acessibilidade e inclusão. O uso da tecnologia para inovação e desenvolvimento depende de dados abertos, e tem potencial de aumentar a transparência e a eficiência da gestão pública, além de possibilitar o desenvolvimento de novas soluções.

Tecnologia é usar novas ferramentas para reescrever antigos caminhos. E que as discussões em torno do tema cresçam de forma propositiva, aberta e com a cooperação de todos. O debate é urgente para maximizar os benefícios da transformação digital, minimizar os impactos negativos e adotar uma postura ativa dos poderes executivo, legislativo e do judiciário, do setor financeiro e da sociedade é decisivo para isso. 

O Brasil pode ser exemplo de desenvolvimento econômico e social por meio das novas tecnologias e todos nós estamos prontos para colaborar. 

*Carol Conway é presidente da Associação Brasileira de Internet e  Celina Bottino é diretora do Instituto de Tecnologia e Sociedade

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