Vivo: Telecom precisa rever zero rating para cobrar redes das big techs
"Há consenso, tanto no fixo quanto no móvel, de que se estamos questionando e propondo o ‘fair share’, a primeira medida é avaliar se devemos dar zero rating para quem consome tanto as nossas redes", diz o presidente da Vivo, Christian Gebara.
As grandes operadoras de telecomunicações sinalizam rever a oferta de conteúdos gratuitos, ou melhor, que não consomem a franquia de dados, como parte da discussão maior sobre a fatia das empresas da internet na remuneração das redes.
“Hoje, algumas operadoras mais, outras menos, estão dando serviços de forma gratuita. Fica um paradoxo. Acho que eles consomem muito, mas estou dando gratuitamente. Isso vem de quando essas aplicações eram mais de texto e agora são mais de vídeo. Então, se estamos questionando o fair share, a primeira medida é avaliar se devemos dar zero rating para quem consome tanto as nossas redes”, afirmou o presidente da Vivo, Christian Gebara.
Segundo ele, essa questão já vem sendo tratada pelas operadoras e vem sendo discutida de forma setorial. “Essa é uma pauta de consenso, tanto no fixo quanto no móvel”, disse Gebara, que a partir desta terça e pelos próximos dois anos também assume como presidente da Telebrasil, a associação das grandes teles.
As empresas de telecom sustentam que a predominância dos conteúdos em vídeo domina o tráfego nas redes. “Plataformas e redes sociais começaram com texto e se converteram em plataformas de vídeos. Dados da GSMA indicam que grande parte do consumo das redes, mais de 52% no geral, mais de 60% na móvel, está concentrado no conteúdo gerado por seis ou sete grandes empresas de tecnologia”, insistiu o presidente da Vivo.
Segundo ele, o ritmo atual exige investimentos que garantam ampliações de capacidade da ordem de 25% ao ano. “Queremos achar uma fórmula onde as grandes fornecedoras de conteúdo e que ocupam mais de 50% ou 60% das nossas redes contribuam. Se vai ser remuneração direta, como vai ser, não sabemos ainda. O que queremos é negociar com essas empresas”, disse Gebara.
Ou seja, “de forma que elas, por usarem a rede em quantidade muito superior a outras empresas, possam fazer uma contribuição. Como podem fazer isso? Podem comprimir dados para usar menos, ou remunerarem as redes. São apenas seis ou sete empresas. De forma nenhuma isso inibe inovação.”
“O que pedimos aqui é um debate já aberto na Europa, já superado na Coreia do Sul, e que a Anatel já começou a colher insumos. Dado que precisamos aumentar a cobertura, digitalizar o pais e incluir mais pessoas na vida digital, essa conta precisa ser compartilhada entre mais agentes. Hoje a conta esta nas empresas de telecomunicações ou na fatura do cliente final. Mas o cliente final não tem capacidade, ainda mais nas classes menos favorecidas, em assumir. Então isso precisa ser pago por outros agentes”, completou Gebara.