Telecom

TIM: Consumidor paga pelo acesso, big techs precisam pagar pela performance

"Com a neutralidade de rede não existe incentivo para a OTT sentar à mesa com as operadoras e encontrar um novo equilíbrio", afirma o vice-presidente de assuntos regulatórios da TIM, Mario Girasole.

O vice-presidente da assuntos regulatórios da TIM, Mario Girasole, faz uma conta simples para concluir que as regras precisam abrir espaço para que as operadoras de telecomunicações possam cobrar pela qualidade do tráfego de dados dos conteúdos disponíveis na internet. 

Para o executivo, a conta não fecha somente com o que os consumidores pagam pela conectividade em banda larga. “O consumidor paga o acesso, respeitada a evolução da rede e do terminal dele. O que definimos como remunerado pelo ‘fair share’ é a performance de rede que damos para o provedor de conteúdo”, afirmou Girasole, que também discutiu o assunto no Painel Telebrasil 2023. 

“O ecossistema digital vai da OTT às redes e ao consumidor final. Como uma não fica sem a outra, o arranjo técnico e econômico tem que envolver todo mundo. Hoje não existe, em função do que acredito ser um conceito arcaico de neutralidade de rede, este incentivo para a OTT sentar na mesa com as operadoras e encontrar um novo equilíbrio, porque só a remuneração pelo consumidor não vai gerar todos os recursos que a gente precisa para o desenvolvimento da infraestrutura.”

“Fair share”, ou parcela justa, é o nome que as empresas de telecomunicações dão para esse movimento de criação de um mercado de duas pontas – ou seja, cobrar duas vezes pela conectividade, tanto pelo usuário final como pelo provedor de conteúdo. Como a disputa começa na semântica, as empresas de internet preferem chamar de pedágio. 

A lógica das operadoras é de custo. Elas calculam que a cada ano as redes precisam ampliar a capacidade em 25% para dar conta do crescimento da demanda e de conteúdos mais “pesados”. Daí, consideram que os maiores distribuidores de conteúdo devem participar da fatura. Para o vice presidente da TIM, isso pode ser alcançado nesse mercado de performance de rede. 


“Cada provedor de conteúdo precisa de uma performance específica, como um email ou um serviço 4K. A rede consegue diferenciar essa performance, mas é um serviço específico que precisa ser remunerado para quem depois monetiza por sua vez no consumidor final essa performance. De um lado, o consumidor sem dúvida paga. Mas está faltando a remuneração da performance, que é monetizada pela OTT.”

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