Big teles cobram big techs, mas ‘fair share’ precisa chegar aos pequenos
Enquanto as big teles buscam caminhos para cobrar as big techs pelo uso das redes de telecomunicações, as prestadoras de pequeno porte (PPPs) acompanham o debate com uma dúvida importante: seja fair share ou net fee, como esse custeio vai chegar às 20 mil empresas que atuam no Brasil.
“Essa preocupação é grande, porque no Brasil são mais de 15 mil, 20 mil PPPs. É um número de contratos muito grande. Será que Meta e Google vão fazer 20 mil contratos? A questão é como o dinheiro chega na ponta”, afirmou o CEO da Datora e presidente do conselho da Telcomp, Thomas Fuchs, ao discutir o tema nesta terça, 3/10, no Futurecom 2023.
“A preocupação não é nem o valor, mas como ele chega na ponta. Alguém vai cobrar, mas vai entregar só para as grandes? E as PPPs, que chegaram onde ninguém queria chegar?”, insistiu o executivo.
Como ressaltou Fuchs, se eventualmente o tema avançar e os acordos forem restritos às grandes de telecom e de internet, o impacto será negativo. “Se não chegar na ponta vamos ter novo desequilíbrio no mercado. Vamos ter grandes empresas com bastante capital e as pequenas empresas sem receber a sua parte fair do fair share.”
O CEO da Datora lembrou, ainda, que ao mesmo tempo em que as teles discutem o que chamam de fair share, a prática usual do mercado móvel é oferecer os mesmos aplicativos de que reclamam consumir muita banda sem cobrar por isso – ou seja, sem que elas usem a franquia de dados, prática conhecida como zero rating.
“É uma confusão. Próximo de 30% [do tráfego] hoje é zero rating. Será que as operadoras não deveriam parar com isso? Porque pode ser que os próprios aplicativos entendam que vale patrocinar esses dados. E isso pode ser um modelo inicial na móvel que pode depois ser discutido na banda larga fixa. Mas no móvel está mais fácil de trabalhar isso.”
Assista à entrevista com o CEO da Datora e presidente do conselho da Telcomp, Tomas Fuchs.