Mercado

Banco Central admite falha e falta de acordo sobre os juros do rotativo no cartão

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto,admitiu ter fracassado na tentativa de buscar um acordo sobre os juros do rotativo do cartão de crédito com administradores de cartões de crédito, bancos, maquininhas e varejistas.

“Nossa preocupação é vir uma sugestão, porque como a gente falhou em encontrar um acordo, que acabe gerando ruptura no mercado de cartões porque aí iria ser ruim para todo mundo”, afirmou no evento “E agora, Brasil?” promovido pelos jornais Valor Econômico e O Globo, nesta sexta-feira, 17/11.

Campos Neto disse ainda buscar uma saída e negou estar pessimista. “Ainda estou trabalhando por um acordo. Mas nós temos dois grupos, um grupo não quer negociar se não tiver uma mudança no número de parcelas e outro grupo acha que isso não é viável. Temos que tentar encontrar uma solução intermediária”, declarou.

Em outubro, o governo publicou uma lei que limita os juros do rotativo. O texto deu 90 dias corridos para os agentes do mercado apresentarem uma proposta para limitação das taxas ao Conselho Monetário Nacional (CMN), por meio do Banco Central. Como a lei foi publicada em 3 de outubro, o prazo é 1º de janeiro de 2024. 

“Na última reunião, eu disse o seguinte: se nada for feito, o que vai acontecer [é que] a gente vai entrar em um sistema, que acho que vai ser percebido rapidamente como um sistema que, apesar de na letra parecer que limita os juros, vai ter uma capacidade efetiva de limitar muito baixa”, afirmou. 


Para Campos Neto, como a lei limita os juros no período de um ano e poucas pessoas ficam no rotativo por tanto tempo, o impacto será reduzido. “Isso não vai fazer os juros caírem muito”,sinalizou. De acordo com os dados mais recentes do Banco Central, os juros do rotativo chegaram a 441,1% em setembro. O maior valor do ano foi registrado em maio: 454%.

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