Governo

Motorista de aplicativo terá piso de R$ 32 por hora e direito a INSS

Projeto de lei do governo só vale para motoristas de carros, não de motos. "Precisamos convencer o iFood a negociar", disse Lula.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta segunda, 4/3, em cerimônia no Palácio do Planalto, o Projeto de Lei Complementar (PLC) que estabelece um piso mínimo de direitos trabalhistas para motoristas de aplicativos. 

Elaborado a partir de negociações entre centrais sindicais e empresas digitais, mediados pelo governo, o PLC não avança para a formalização da relação de trabalho, mas prevê um prevê R$ 32,09 por hora de trabalho e remuneração de, pelo menos, um salário mínimo – hoje R$ 1.412. Também prevê contribuição previdenciária ao INSS – 7,5% do trabalhador, 20% pelas empresas. 

Fruto de quase um ano de negociações, esse primeiro projeto é restrito à nova categoria de “motorista de aplicativo de veículo de quatro rodas” – ou seja, o acordo ainda não contempla entregadores de motos. 

“A gente tem que convencer o dono do iFood, que é da Bahia, e convencê-lo a entender que é prudente ele sentar na mesa de negociação para a agente fazer um bom um grande acordo”, afirmou Lula, ao assinar o PLC, que será enviado ao Congresso Nacional. 

O período máximo de conexão do trabalhador a uma mesma plataforma não poderá ultrapassar 12 horas diárias. Para receber o piso nacional, o trabalhador deve realizar uma jornada de 8 horas diárias efetivamente trabalhada.


Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, o Brasil tinha 778 mil pessoas que exerciam o trabalho principal por meio de aplicativos de transporte de passageiros, representando 52,2%, de um total de 1,5 milhão de pessoas que trabalhavam por meio de plataformas digitais e aplicativos de serviços, o equivalente a 1,7% da população ocupada no setor privado. O levantamento mostra que enquanto 44,2% dos ocupados no setor privado estavam na informalidade, entre os trabalhadores de aplicativos esse percentual chega a 70,1%.

O que diz o projeto de lei: 

Cobertura dos custos – Para cada hora efetivamente trabalhada, será pago um valor de R$ 24,07/hora, destinado a cobrir os custos da utilização do celular, combustível, manutenção do veículo, seguro, impostos, entre outros. Esse valor é indenizatório e não compõe a remuneração.

Previdência – Os trabalhadores e trabalhadoras serão inscritos obrigatoriamente no Regime Geral da Previdência Social (RGPS), com regras específicas para o recolhimento da contribuição de cada parte (empregados e empregadores): 

1) Os trabalhadores irão recolher 7,5% sobre os valores referentes à remuneração (que compõe 25% da hora paga, ou seja, R$ 8,02/hora);

2) Os empregadores irão recolher 20% sobre os valores referentes à remuneração (que compõe 25% da hora paga, ou seja, R$ 8,02/hora);

As empresas devem realizar o desconto e repassar para a Previdência Social, juntamente com a contribuição patronal.

Auxílio maternidade – As mulheres trabalhadoras terão acesso aos direitos previdenciários previstos para os trabalhadores segurados do INSS.

O trabalhador em aplicativo será representado por entidade sindical da categoria profissional “motorista de aplicativo de veículo de quatro rodas”. As entidades sindicais terão como atribuições: negociação coletiva; assinar acordo e convenção coletiva; e representar coletivamente os trabalhadores nas demandas judiciais e extrajudiciais de interesse da categoria.

As centrais sindicais que participaram do Grupo Tripartite foram: Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical (FS), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e a União Geral dos Trabalhadores (UGT).

Os representantes das empresas Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), iFood, Uber, Zé Delivery, Lalamove, Movimento de Inovação Digital (MID), Mercado Livre, Rappi, 99, inDrive, Mercado Livre, Rappi, Associação Latino-Americana de Internet (Alai).

O grupo do governo federal que trabalhou na construção do documento teve representantes dos Ministérios do Trabalho e Emprego (MTE), da Previdência Social (MPS), do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), da Fazenda (MF), da Justiça e Segurança Pública (MJSP), da Casa Civil e da Secretaria Geral da Presidência da República e da Advocacia Geral da União (AGU).

* Com informações do MTE

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