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Inteligência artificial decreta o fim da tríade processos, pessoas e tecnologias

Confiança é a palavra de ordem quando o assunto é implementar projetos de inteligência artificial, assim frisou – e repetiu inúmeras vezes – o diretor do Gartner, Edgar Macari, durante a sua apresentação na Conferência Gartner Data & Analytics, nesta terça-feira, 26/03, em São Paulo.

Macari ressaltou a necessidade de as empresas construírem e trabalharem a confiança dentro das organizações. “São diversas curvas que devem ser trabalhadas e cada uma delas tem expectativas diferentes. Fundamental identificar as partes e trabalhar para atendê-las”, disse.

Ao falar sobre as principais tendências em inteligência artificial, Macari destacou que, se 2023 foi o ano da exploração em IA — com os avanços importantes fazendo com que as máquinas passassem a interagir melhor com os humanos —, 2024, é quando os projetos se tornam reais. “As máquinas ficaram melhores em entender a nossa intenção, entender e resolver; esta é a grande diferença”, destacou.

Dados do Gartner apresentados pelo diretor, indicam que houve avanços das companhias em relação à inteligência artificial. Em janeiro deste ano, 35% das organizações estavam em modo exploratório; 38% com projetos em piloto e 21% em modo de produção — porcentuais que mostram avanços em comparação com 70% em modo exploratório; 15% com pilotos e 4% em produção.

“Então, 2023 foi ano de grande avanço e o que não mudou é que 100% dos clientes nos procuraram para falar de gestão de riscos e segurança”, salientou, acrescentando que dois terços das empresas têm intenções de aumentar investimentos em inteligência artificial em 2024, 21 pontos porcentuais a mais em relação a 2023.  


“Percebemos que inteligência artificial está permeando diversas áreas de negócios com as empresas tendo iniciativas em duas ou mais áreas de negócios, principalmente, em interface de clientes e marketing. Vemos concentração grande em iniciativas de redução de custos e retenção de clientes, que iniciativas mais ligadas à IA cotidiana e não a novos produtos”, adicionou.

Fusão de Analytics com engenharia de software

Além disso, entre 2023 e 2024 há outras mudanças, como a ascensão de modelos específicos para alguma função ou indústria, ou seja, passando de apenas um grande modelo de linguagem (LLM, pelas iniciais em inglês) para uma IA multimodal. O Gartner também prevê ascensão de modelos de códigos abertos e de casos de disrupções e mais “tímidos”, em 2023, para começarmos a ver nas manchetes casos de insucesso. “A aplicação de modelos novos de IA vão requerer uma fusão de analytics e engenharia de software e vice-versa, o que pode ser desafiador para as organizações que trabalham com silos”, assinalou. 

Ao discorrer sobre tendências de negócios, Edgar Macari apontou para uma reorganização da estrutura de poder. “Esperamos ver mudanças na liderança. Se as áreas de negócios terão mais poderes, também terão mais responsabilidades”, salientou, acrescentando que transparência será fundamental, principalmente, para pontuar qual o valor que as iniciativas de inteligência artificial vão trazer para a organização e também qual é o risco. “A confiança é chave. A entrada de valor vai estar diretamente relacionada com o nível de confiança que se tem”, enfatizou.

Para pouca surpresa da plateia, Macari ressaltou que o maior desafio das companhias está relacionado aos custos, a problemas em estimar os custos. O executivo lançou ainda: a IA mexe numa famosa máxima do mercado de tecnologia. Ela decreta o fim da tríade de processos, pessoas e tecnologia. “Continuamos tendo o fator humano, temos conjunto de ferramentas que vão permitir entregar valor, temos conjunto de dados, o conjunto de processos e quem vai amarrar tudo é a confiança que deve ser trabalhada nos mais diversos grupos de stakeholders que influenciam a organização”, explicou. 

O analista não poderia deixar de falar sobre inteligência artificial generativa. Macari assinalou que a velocidade de interação é mais importante que qualquer tecnologia em particular. Trata-se, explicou, de identificar e montar o protótipo e mostrar resultados o quanto antes. Assim, se errar, erra rapidamente. “Nossa principal recomendação é começar pequeno, mostrar resultados e trabalhar confiança.”

E a chave para o sucesso está, de acordo com ele, na integração de todos os aspectos, na criação de valor, no entendimento dos domínios de dados, de pessoas, de tecnologia, de processos e na mudança de comportamento. “A parte cultural é mais difícil, porque tem de mudar a postura e a cabeça das pessoas. Tem de entender o equilíbrio de valor e a transparência e mostrar esta visibilidade.”

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