Cibersegurança: usuários têm culpa em boa parte das fraudes
O Brasil precisa ter uma governança na área de cibersegurança, sustentou Luiz Fernando Moraes da Silva, diretor do Departamento de Segurança Cibernética do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, ao participar do 1º Congresso de Prevenção e Repressão a Fraudes, realizado pela Febraban em São Paulo.
A Política Nacional de Cibersegurança (PNCiber) foi instituída em dezembro do ano passado, por meio de decreto presidencial, com a finalidade orientar a atividade de segurança cibernética no País. Ela também estabeleceu a criação do comitê nacional de cibersegurança (CNCiber), grupo ao qual caberá propor atualizações tanto para o PNCiber como para seus instrumentos, no caso, a Estratégia Nacional (e-Ciber) e o Plano Nacional de Cibersegurança (p-Ciber). “O comitê nacional de cibersegurança é um órgão colegiado. Todos percebem que a ação colaborativa é fundamental para a cibersegurança. O colegiado tem 25 membros, é um tamanho razoável, que é administrável”, assinalou da Silva.
O diretor do GSI ressaltou que os avanços que a digitalização da economia e a transformação digital em praticamente todas as atividades humanas trouxeram, mas enfatizou que há riscos e o Brasil, que é pujante nesta área, precisa alfabetização digital em cibersegurança.
Para Tiago Iahn, do Serpro, esse letramento fica ainda mais necessário quando se observa que em “boa parte da porcentagem das fraudes, os usuários, sim, são culpados”, afirmou ao debater o tema no painel “Estratégia Brasileira de Cibersegurança”. O risco, no caso de uma instituição como o Serpro, que lida com dados da população, é ainda mais preocupante.
“Um banco consegue mensurar rapidamente o o custo de um incidente, mas para o nível de governo é mais complicado. Lidamos com dados da população e este dado só precisa vazar uma vez. O Governo lida com dados que são muito importantes. Quando se fala em fraude a nível de governo, a conta do acesso Gov.br tem 166 milhões de usuários”, disse.
Ao falar sobre o uso de inteligência artificial, Luiz Fernando Moraes da Silva apontou que o governo precisa estar focado nas mudanças e procurando adaptar-se a elas. “Precisamos preparar os legisladores para que eles possam, ao decidir, encontrar a melhor forma disso e sem perder de vista a cibersegurança. Não devemos misturar cibersegurança com controle de informação, com fake news, mídias sociais — isso é conteúdo; e não é cibersegurança. A clareza e o bom senso têm de imperar”, enfatizou.