Bancos vão ganhar selo pelas ações de combate às fraudes
A fraude pode ser originada internamente nas instituições financeiras. Ainda que os bancos afirmem que este tipo de crime originado internamente tenha um volume muito baixo, identificar os riscos internos e estabelecer medidas de mitigação está na agenda dos bancos.
O trabalho de conscientização elaborado com vistas aos clientes — para que eles saibam como são os golpes e fraudes — também deve ser feito dentro das organizações até para que o funcionário ou terceirizado interno não caia na lábia do golpista ou fraudador, apontaram os membros de painel sobre o tema durante o 1º Congresso de Prevenção e Repressão a Fraudes, realizado em São Paulo nesta terça e quarta-feiras (7/5 e 8/5).
O diretor adjunto de serviços da Febraban e integrante o Comitê de Prevenção a Fraudes, Walter Tadeu, adiantou que a Febraban está trabalhando para reconhecer com um selo de prevenção a fraudes as instituições que comprovem que seguem os regramentos dos reguladores e compliances de prevenção a fraudes. A expectativa é que os bancos integrantes da federação sejam certificados em até três meses. Depois, a iniciativa será ampliada para demais instituições.
Quando se fala sobre ameaças internas, sejam elas intencionais ou não, o normal é pensar no funcionário, no ser humano, mas é preciso ir além e incluir os processos que existem dentro das das instituições, que podem ter falhas, os sistemas. “Sabemos que não existe nada blindado. É alguma fragilidade que a instituição tem que pode levar a perdas”, assinalou Aline Gil Stein, head de ocorrências internas no Santander Brasil.
Bruno Ribeiro da Fonseca, superintendente-executivo do Bradesco e que leva 15 anos trabalhando com prevenção à fraude, acrescentou que, mesmo quando existe a participação de um funcionário, nem sempre ele teve a intenção, podendo ter sido, por exemplo, aliciado. “Como fazemos? O básico: pessoas, processos e tecnologia”, disse.
A conscientização é uma das formas que o funcionário entende o que é errado e certo. “As irregularidades mais difíceis são aquelas socialmente aceitas”, apontou Aline Gil Stein, do Santander, que, segundo ela, tem trabalhado para dar apoio ao funcionário, como em casos de aliciamento ou ameaça que esteja sofrendo.
A segurança tem de ser construída em camadas e o monitoramento dos dados é essencial para se prevenir que aconteça algum incidente, que é muito mais relevante quando há a participação interna. “Mas hoje a maioria das transações é digital. Então, a nossa preocupação tem de estar aí”, alertou Bruno Ribeiro da Fonseca, que aproveitou para chamar a atenção para o ‘cangaço digital’, quando invadem uma agência não com objetivo de levar dinheiro, mas para o gerente fazer transações ou para pegarem credenciais de acesso. “Não podemos normalizar a situação de fraude. Não existe fraude perdoável e temos de combatê-las com medidas disciplinares”, finalizou.