Opinião

O papel da banda larga gigabit no crescimento da economia digital na América Latina

Por Eduardo Tude*

A conectividade é uma força motriz na transformação digital dos setores produtivos e, por consequência, no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Estudos mostram que o aumento no uso da banda larga, especialmente de redes de fibra óptica, impulsiona diretamente o avanço da economia digital e inovações tecnológicas em várias indústrias. Em muitos mercados ao redor do mundo, a banda larga Gigabit já domina o cenário, refletindo a importância das redes de alta capacidade e velocidade.

O impacto econômico é significativo: um aumento de 10% no uso da banda larga doméstica pode gerar um crescimento adicional de 0,25% a 1,5% no Produto Interno Bruto (PIB). Além disso, a duplicação da velocidade da internet pode resultar em um aumento adicional de 0,3% no PIB. Entre 2021 e 2023, as assinaturas de banda larga Gigabit triplicaram, evidenciando o crescente interesse e demanda por conectividade de alta performance.

Neste contexto é necessário adotar-se o conceito de Conectividade Significativa, que se refere à capacidade de ter acesso à internet de forma rápida, confiável e segura, a um custo acessível, o que se torna possível com o avanço das redes de fibra conectadas ao backbone de internet.

Com a aceleração da digitalização na América Latina, os serviços digitais estão se expandindo, e a vida cotidiana está cada vez mais conectada e inteligente. O acesso a uma rede de alta qualidade não é mais um luxo, mas uma necessidade crescente para consumidores e empresas. Para desbloquear o verdadeiro potencial da economia digital, a região precisa avançar em direção a uma sociedade Gigabit, apoiada por tecnologias de fibra óptica de última geração.


Os números comprovam essa transformação digital: em 2023, mais de 100 milhões de unidades de TVs Ultra HD (UHD) foram vendidas na América Latina, alcançando 40% das residências. O e-commerce também cresceu rapidamente: 46% dos consumidores latino-americanos já fizeram compras por esse meio, enquanto no Brasil esse número atinge 61%. O setor de jogos online também está em expansão, com mais de 335 milhões de jogadores na América Latina e mais de 102 milhões no Brasil em 2022. Além disso, em 2024, espera-se que 72% das empresas façam uso do modelo de trabalho híbrido, com o Brasil liderando 90% de adoção.

Diante dessa nova realidade, a banda larga Gigabit, com sua conectividade ultrarrápida e transmissão de dados confiável, torna-se essencial para garantir a qualidade da conectividade desses novos hábitos digitais. Essa infraestrutura é capaz de suportar aplicativos que consomem muita banda larga, como streaming ao vivo, e-commerce e jogos online, além de viabilizar soluções inovadoras no ambiente corporativo e doméstico.

Embora a banda larga de fibra óptica tenha avançado nos últimos anos na América Latina, seu desenvolvimento ainda está aquém de países com PIBs similares, especialmente no que diz respeito à banda Gigabit. Para manter a competitividade no cenário global, é crucial que as operadoras locais acelerem a expansão dessa infraestrutura. A construção de redes Gigabit não só atenderá à crescente demanda por serviços digitais, como também trará bons resultados comerciais.

Uma das principais estratégias é a atualização da rede, evoluindo de GPON para 10GPON, e adotando padrões mais recentes de Wi-Fi, como o Wi-Fi 6 e o Wi-Fi 7, que oferecem maior velocidade e eficiência. Além disso, operadoras podem criar pacotes de banda larga Gigabit sob medida para diferentes públicos, como consumidores domésticos, pequenos negócios e lojas digitais. Exemplos internacionais, como o de Hong Kong, mostram que, com a promoção adequada, a fibra Gigabit pode trazer resultados comerciais expressivos, tanto em termos de adoção, quanto de satisfação do cliente.

Ao se inspirar nesses modelos bem-sucedidos e alavancar as vantagens das redes de fibra óptica, a América Latina pode acelerar sua jornada rumo a uma economia digital robusta e inclusiva, gerando benefícios econômicos e sociais significativos para a região.

Eduardo Tude é Presidente da Teleco

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