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Brasil será 2% do mercado global de IA em 2030

Brasil não pode perder a chance de avançar em IA.

Mais que uma nova tecnologia, a inteligência artificial representa um horizonte de novas oportunidades para empresas e governos. Como tirar proveito disso e os desafios a serem enfrentados foram temas de debate realizado no Painel Telebrasil 2024, nesta terça-feira (5), em Brasília.

O sócio-líder de TMT da KPMG Brasil e Latam, Márcio Kanamaru, lembrou que o desenvolvimento da economia baseado em IA não é mais apenas uma previsão e abre um caminho interessante. “Globalmente, a IA deve crescer 28% ao ano. Só o mercado brasileiro deve chegar a US$ 16,3 bilhões em 2030, ou 2% do mercado global”, revelou.

Esse crescimento traz desafios importantes. Um deles é o de garantir que o País não perca as oportunidades que possam surgir a partir de agora. Para evitar isso, o governo brasileiro criou o PBIA (Programa Brasileiro de Inteligência Artificial) que, segundo o secretário de desenvolvimento e inovação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Uallace Moreira Lima, é um projeto ambicioso criado para ajudar as empresas a se digitalizarem. “No Nova Industria Brasil há linhas de financiamento para tornar a indústria mais inovadora e digital. A IA é transversal, por isso conta com uma linha de crédito especifica”, disse.

Na mesma medida, o setor privado também vem buscando meios de se posicionar nesse novo contexto. O presidente da Algar Telecom, Luiz Alexandre Garcia, defendeu que a IA vai permitir que tudo seja feito melhor e mais rápido. Para entender como isso deve acontecer, a empresa vem investindo no desenvolvimento de soluções de diagnóstico analítico para entender melhor seus clientes.

“Começamos a utilizar a IA para fazer análises preditivas. Nosso foco é melhorar a experiência de nossos clientes, entendendo seu comportamento para antecipar a oferta de produtos e serviços”, explicou. Para isso a companhia tem criado personas e ferramentas com o objetivo de trazer agilidade e acuracidade na melhoria da experiência.


A TIM também tem estudado casos de uso, adotando o que seu diretor de IA, Jone Vaz, chama de estratégia pragmática. “Estamos utilizando IA em duas frentes: melhorar a experiência do cliente e gerar eficiência operacional”, disse, lembrando que todo caso de uso deve atender estes dois critérios. Vaz citou como exemplo a TAIS, copiloto em tempo real utilizado hoje pelos milhares de atendentes da operadora para resolver problemas de forma mais rápida.

A IA também é utilizada em um modelo de manutenção preventiva de rede que, de acordo com Vaz, tem permitido identificar equipamentos propensos a falhas com até sete dias de antecedência, melhorando o planejamento e a logística de campo, além de evitar indisponibilidades. “Temos hoje mais de 100 casos de uso, 10 deles já rodando em 2024. Nossa previsão é colocar todos em operação até 2026”, acrescentou.

Janela de oportunidade

Está claro que a IA deve representar uma nova janela de oportunidades para o País e, para que ela não seja desperdiçada, o governo federal vem trabalhando também junto ao ecossistema. Lima, do MDIC, conta que, além das linhas de financiamento, o governo vem trabalhando junto ao setor privado para identificar as cadeias produtivas que devem se beneficiar do uso da tecnologia e incentivar investimentos nessas cadeias. “Esses programas de incentivo aliados a medidas de regulação podem destravar o investimento privado para a cadeia. Temos que pensar no desenvolvimento da cadeia produtiva e não apenas no uso e por isso temos trabalhado muito com regulação, defesa comercial e linhas de crédito”, afirmou.

Essas oportunidades devem, inclusive, mudar o perfil de atuação de alguns dos participantes desses ecossistemas. No setor de telecom, por exemplo, Garcia, da Algar, acredita que muitas empresas devem evoluir da oferta de conectividade para a oferta de soluções aos clientes. “Temos buscado fazer a integração de diversas soluções para oferecer pacotes para o setor agrícola, por exemplo. Isso é uma jornada, começando pelo mais simples”, destacou.

Vaz, da TIM, disse que a empresa deve continuar apostando na estratégia de testar internamente, resolvendo seus problemas, para depois empacotar e levar como oferta ao mercado. “Trabalhamos muito por caso de uso, olhando a necessidade do cliente e o que temos dentro de casa”, completou.

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