APIs chegaram para ficar e são a porta da monetização do 5G
O slicing do 5G vai trazer um mundo de oportunidades, diz a diretora executiva B2B da Vivo, Débora Bortolasi
Sem conectividade não existe economia digital, conforme pontuou Vinícius Dalben, vice-presidente Comercial da Ericsson, ao abrir o painel que debateu a nova geração de redes e serviços, no primeiro dia do Painel Telebrasil 2024. E o ponto agora é como levar a capacidade de redes para o usuário. O uso de interfaces abertas pelas redes de telecomunicações, como o Open Gateway, pode levar a uma revolução na infraestrutura de telecomunicações.
Primeiro usuário do Open Gateway no Brasil, o Itaú diz que a conectividade tem papel fundamental como alicerce para sustentar toda a transformação pela qual o banco centenário está passando. “Desde 2015, passamos por uma transformação brutal, modernizando a plataforma. Herdamos, após aquisições, plataformas complexas e diversas que entendemos que seria necessário modernizar, mas não fazemos isso sem mudar a cabeça das pessoas”, apontou Augusto Nellessen, head de Telecom do Itaú.
Nellessen acrescentou que toda a movimentação tem como ‘ângulos de ataque’ mudar como se enxerga o cliente, promovendo uma experiência mais personalizada, e mudar o banco internamente. “A conectividade mudou o banco. Temos o nosso data center, mas o dado mora em cloud pública e SaaS (software como serviço) e isso faz com que as redes e a conectividade fiquem mais relevantes”, frisou.
Débora Bortolasi, diretora-executiva B2B na Vivo, contou que a prestadora de serviços de telecomunicações tem a conectividade como a base de tudo que cria, seja para o mercado corporativo (B2B), seja para o cliente final (B2C). “Fizemos investimento forte na construção de fibra ótica no país, que também apoia o crescimento móvel, de 5G, porque a partir da conectividade falamos em soluções em computação em nuvem, em big data. Ao longo dos últimos anos, construímos um ecossistema robusto; saímos de um lugar que somos telecom e vamos para tecnologia”, disse.
Essa trajetória passa por capacitar as pessoas para discutir soluções que enderecem as atuais necessidades do mercado. “Um desafio que temos hoje é como escalar este tipo de solução e fazer a customização para o mercado. Estamos trabalhando forte nesse contexto”, assinalou a executiva.
Para Lucas Gallitto, diretor para a América Latina da GSMA, as regras do passado que funcionaram em 2G, 3G e até 4G podem não servir para 5G ou 6G. “70% do tráfego das redes móveis na América Latina é gerado por três companhias. E não sabemos o que vai acontecer com a entrada de realidade aumentada e virtual no futuro. O 5G, de alguma forma, mudou o paradigma das redes; são supercomputadores distribuídos para poder fazer coisas diferentes”, explicou Gallitto. “A conectividade é um motor da economia digital do presente e do futuro.”
Open gateway
Uma das questões que surge quando se trata de infraestrutura de rede de telecom recai na monetização. A iniciativa global da GSMA, que transforma as redes de telecomunicações em plataformas programáveis e abertas, aparece como uma alternativa de ferramenta de monetização dos atributos da rede. “O Brasil foi o segundo país a ter lançamento comercial e achamos bem relevante o que está acontecendo na região”, apontou Lucas Gallitto, da GSMA. Segundo ele, 267 operadoras já estão usando open gateway.
Para além do setor de telecomunicações, Augusto Nellessen, do Itaú, contou que o banco já entendeu o funcionamento do open gateway e o que poderia agregar à instituição financeira. “Open gateway conversa muito com inteligência artificial generativa, porque ela precisa de contexto e conseguimos gerar contexto relevante com open gateway. Vemos um futuro em que as jornadas de negócios usam mais que uma API. Precisamos jogar o jogo do ecossistema”, apontou o executivo do Itaú.
As aplicações estão, por exemplo, no setor de fraude e na melhora da experiência do cliente. “O requisito mais importante é a mudança de jornada, com redução de fricção e dando segurança para o cliente de que ele está, de fato, passando por verificação, mesmo que não esteja vendo. É ter jornadas hiperconvergentes de fato”, assinalou.
Débora Bortolasi, da Vivo, acrescentou que, pela primeira vez, como setor e globalmente, houve uma organização para abrir capacidades em um ecossistema onde todos podem codesenvolver e escalar. “Falamos de contexto antifraude e começamos a discutir aplicação open gateway com bancos e empresas de e-commerce, que podem usar API para validação”, explicou. “Há uma infinidade de possibilidades de modelos de negócios; é criar novas capacidades em um setor em que falávamos muito de conectividade por conectividade”, acrescentou.