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Brasil não avança e segue na rabeira no Ranking Mundial de Competitividade Digital

"Não adianta falar de IA, IA e IA sem ter uma agenda de conhecimento", adverte o líder da pesquisa no Brasil, Hugo Tadeu.

“O Brasil está na rabeira da competitividade digital; temos uma série de desafios e uma agenda é oportuna em investimentos em educação e tecnologia”, destacou o professor Hugo Tadeu, que dirige o núcleo de Inovação e Tecnologias Digitais da Fundação Dom Cabral e lidera a pesquisa no Brasil em parceria com o International Institute for Management Development (IMD), na divulgação do Ranking Mundial de Competitividade Digital, feito pela Fundação Dom Cabral. 

O Brasil manteve a posição de 2023, ficando na 57ª posição entre os 67 países analisados. O Ranking Mundial de Competitividade Digital é uma análise feita pelo IMD (International Institute for Management Development, em parceria com o Núcleo de Inovação e Tecnologias Digitais da Fundação Dom Cabral (FDC), e leva em consideração a capacidade e a prontidão das economias mundiais para incorporar novas tecnologias digitais que podem impactar a produtividade econômica, o crescimento dos países e das organizações.

Mas nem tudo está perdido. São analisados três grandes grupos: competitividade digital, tecnologia e disponibilidade tecnológica futura. Houve uma pequena melhoria nos fatores conhecimento e prontidão para o futuro, com avanços significativos em áreas como educação, pesquisa científica e políticas de inteligência artificial.

No entanto, persistem desafios como atração e retenção de talentos, transferência de conhecimento, financiamento para o desenvolvimento tecnológico e criação de um ambiente regulatório mais dinâmico e eficiente são pontos críticos que precisam de maior atenção.A infraestrutura tecnológica do Brasil também de investimentos estratégicos, especialmente em segurança cibernética, conectividade e capacitação digital, para garantir um avanço consistente no cenário global.

Para Hugo Tadeu, a construção de um futuro digital competitivo depende da preparação da força de trabalho e da criação de um ambiente favorável à inovação. Para isso, ele diz que é imprescindível uma revisão das políticas educacionais e profissionais, com ênfase em treinamentos técnicos, investimentos em pesquisa e desenvolvimento, bem como a adaptação do sistema regulatório para a era digital. Também aponta a necessidade da inclusão de novas tecnologias no ambiente corporativo e o apoio ao empreendedorismo digital também devem ser prioridades na agenda de transformação digital do Brasil.


“No longo prazo, estamos entendendo que não adianta ficar falando de IA, IA e IA sem ter uma agenda de conhecimento. A perspectiva é de ter uma agenda menos hype, ser menos um propagador de contratações, de compra de tecnologias digitais, mas, sim, formar estas tecnologias, investir em conhecimento para o País despontar nos rankings”, enfatizou o professor. 

Ele explicou que quem figura nas primeiras colocações fez as lições de casa e obteve patentes. “Antes de falar de inteligência artificial, qual seria o papel de geração de conhecimento e da proteção dele para isso gerar riqueza?”, questionou. 

Em sua análise, fica claro que o Brasil deveria melhorar skills para tecnologia. “Gastamos muito em tecnologia, mas não da forma adequada e não exportamos conhecimento. Temos poucas empresas que exportam conhecimento gerando divisas para o País”, acrescentou Hugo Tadeu. 

Além disso, é fundamental ter um plano de estado definido para educação com uma agenda de formação contendo Steam, como também adoção de temas tecnológicos. “A primeira coisa é quem estamos formando. Estamos nas últimas colocações do teste Pisa, porque estamos formando para o Enem e não para o desenvolvimento”, assinalou. 

Ele também ressaltou que o custo de capital segue sendo um problema e com aumento de juro piora. “Estamos na mesma posição, porque temos problemas estruturantes nas empresas e no Brasil que nos faz comprar tecnologia em vez de produzir.” 

Na dianteira 

Entre os países analisados, as economias asiáticas constam nas melhores posições do ranking, enquanto a Europa e a América do Norte recuaram um pouco. E alguns países da América Latina continuam ocupando posições inferiores. As análises do Ranking Mundial de Competitividade Digital mostram que as nações que ocupam as primeiras posições estão investindo de maneira consistente e estratégica em talentos, inovação tecnológica e formação acadêmica. 

Têm, por exemplo, implementado políticas de longo prazo focadas no desenvolvimento de infraestrutura digital, formação de uma força de trabalho altamente qualificada e no fomento à pesquisa científica e novas tecnologias. Como consequência, observam-se ganhos expressivos em produtividade, crescimento econômico e competitividade global.

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