Indústria quer Internet das coisas mas só aproveita 4% dos dados
CNI firma acordo com ABINC e tenta reverter desperdício de dados
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC) assinaram um Memorando de Entendimentos para colaboração no Programa Open Industry. A iniciativa chega em um momento crítico: segundo dados do programa Nova Indústria Brasil (NIB) do governo federal, mais de 96% dos dados gerados pela indústria brasileira são desperdiçados, não sendo aproveitados para tomada de decisões ou otimização de processos.
O programa Open Industry, concebido e desenvolvido pela ABINC, propõe uma solução inovadora para este desafio através dos chamados Espaços de Dados – infraestruturas descentralizadas que possibilitam o compartilhamento seguro e controlado de dados entre empresas. Este modelo preserva a propriedade e soberania dos dados, ao mesmo tempo em que viabiliza novos modelos de negócios.
Como parte do acordo, a CNI assumirá uma posição estratégica no Conselho de Administração e Gestão do Open Industry. “O Brasil tem a possibilidade de se tornar uma das potências mundiais em economia de dados. Habilitar nossa indústria na economia digital será primordial para aumentar a produtividade nacional, tornando nossas empresas mais ágeis e eficientes, sustentáveis, modernas, seguras e com soberania sobre os dados”, afirma Rodrigo Pastl.
A iniciativa já nasce integrada a outros projetos estratégicos nacionais, como evidenciado por sua recente vinculação ao Plano Brasil Digital 2030+. O programa prevê uma ampla cooperação entre empresas dos setores público e privado, visando apoiar o planejamento, concepção e execução de projetos em diversos segmentos, não se limitando apenas à indústria manufatureira, mas abrangendo também agronegócio, logística, transporte e energia.
Para garantir a inserção do Brasil no cenário internacional da economia de dados, o Open Industry estabeleceu parcerias estratégicas com organizações globais. Em 2024, a ABINC firmou acordos com entidades de relevância internacional, incluindo a International Data Spaces Association, da Alemanha, e a Data Intelligence Offensive (DIO), da Áustria, visando promover cooperação internacional e intercâmbio de conhecimento em tecnologias emergentes.
O programa representa uma resposta ambiciosa ao desafio da subutilização de dados industriais no Brasil, prometendo criar um ecossistema que permitirá às empresas brasileiras competir em igualdade no mercado global, aproveitando ao máximo o potencial da economia digital.