Empresas brasileiras optam por ter plataforma própria de IA generativa, mas estão longe da maturidade digital
Pesquisa global da F5, com o Brasil participando, mostra que um dos pontos críticos é a governança de dados. Aqui no país, maior parte do desenvolvimento de IA acontece em ambientes híbridos e a cibersegurança ainda é ponto de muito trabalho e risco.

As grandes empresas brasileiras estão desenvolvendo suas próprias plataformas de IA Generativa – é o caso da Natura, da plataforma de investimentos QINV e da LINX, fornecedor de tecnologia para o varejo. “Quer sigam usando plataformas externas, quer estejam criando sua própria IA, as empresas precisam proteger esses ambientes. Uma forma de fazer isso é usar um gateway para IA que monitora e protege as pesquisas do usuário num ambiente como o Chat GPT e também evita que plataformas proprietárias sejam vulneráveis a ataques baseados em LLMs”, afirma Kleython Kell, Solutions Engineer da F5 Brasil, ao comentar os resultados do estudo Digital Maturity Index 2025 da companhia, realizado a partir de entrevistas com 713 líderes de tecnologia de empresas – 25 destas fontes são brasileiras.
O foco do relatório é no impacto da Inteligência Artificial Generativa sobre as culturas digitais de empresas de setores como finanças, varejo, indústrias, grandes provedores de nuvem e operadores de telecomunicações. Um índice de maturidade digital avalia como os negócios de diferentes organizações se posicionam diante de parâmetros estratégicos como cybersecurity, cultura de aplicações e APIs, tratamento de dados, infraestrutura etc.
As respostas obtidas no relatório foram organizadas em três diferentes perfis. O mais maduro são os “Realizadores”; a caminho de maior maturidade estão os “Experimentadores” e, finalmente, iniciando o uso da Inteligência Artificial e atuando ainda de forma menos estruturada e constante, os “Atrasados”. “29% do universo estudado é formado por Realizadores, 54% são Experimentadores e 17% são Atrasados”, diz Kleython Kell, Solutions Engineer da F5 Brasil.
Dado com uma única fonte de verdade
Num mundo em que cada vez mais o software é desenvolvido por plataformas de IA, a governança de dados é uma frente de batalha crítica para os líderes das empresas pesquisadas. “Essa estratégia ajuda o CIO e o CISO a prover para a organização uma única fonte de verdade para o dado, qualquer que seja a complexidade e a heterogeneidade dos ambientes e plataformas que processam esse dado. Vale destacar que, em muitos casos, silos operacionais de dados continuam vivos e se proliferando”.
O estudo aponta a diferença entre os níveis de maturidade digital das organizações pesquisadas. Enquanto 35% dos Realizadores já consolidam a governança de dados em um único data lake, com 59% deste grupo mantendo também outros data lakes como backup, 19% dos atrasados trabalham com um único data lake – deste grupo, 15% contam com data lakes extras. Sessenta e cinco por cento dos Atrasados não utilizam nenhuma estratégia de observabilidade de dados, valor que baixa para 6% no caso dos Realizadores e chega a 18% no grupo dos Experimentadores.
Em termos de utilização de IA Generativa, por exemplo, 61% dos Realizadores adotam ambientes híbridos, enquanto 30% dos Atrasados seguem esse caminho. Por outro lado, 40% dos Atrasados operam IA em seus data centers on-premises, número que baixa para 15% no caso dos Realizadores e chega a 21% nas empresas com perfil “Experimentadora”.
Como as plataformas de IA são baseadas em LLMs e APIs rodando de forma distribuída em ambientes multicloud e híbridos, quem conta com uma abordagem de gestão centralizada, segura e ao mesmo tempo granular das suas nuvens consegue explorar melhor a riqueza trazida pela IA. “Fica mais fácil tomar decisões baseadas em custo, desempenho e segurança, algo que acelera o uso da IA e também o crescimento dos negócios”.
Software Development Life Cycle e Zero Trust
Em relação à cybersecurity o quadro também é diverso. Numa escala de 0 a 30 pontos, com 15 pontos sendo a nota máxima em relação ao uso de políticas de Software Development Life Cycle (SDLC) que alinham todo o processo de desenvolvimento de aplicações e APIs às melhores práticas de segurança, os Realizadores saem na frente com a marca de 13,5 pontos.
“São empresas que sabem que seus negócios dependem da integridade dos dados utilizados nas esteiras de desenvolvimento, e investiram em processos, pessoas e produtos que elevaram a maturidade de sua cultura de software. É uma disciplina que aumenta a competitividade dessas organizações nos mercados onde atuam”, enfatiza Kell. Os Atrasados, em relação a esse quesito, ficam na faixa dos 5,5 pontos.
Em relação à adoção de soluções Zero Trust – dado também medido com 15 pontos sendo a nota máxima – 13% Realizadores alinham-se a esta disciplina, número que baixa para 9,5 entre os Experimentadores e 5 pontos no caso dos Atrasados.