Soluções de prateleira dominam uso de IA nas empresas brasileiras. PMEs não investem
Dados são da pesquisa TIC Empresas, do CGI.br. A maior parte do uso da inteligência artificial é para a automação de processos. A internet das Coisas também está em 14% das empresas, mas a maior parte voltada para a segurança e não para aplicações de negócio.

As soluções de prateleira, ou seja, àquelas prontas no mercado são as mais usadas em inteligência artificial no Brasil, sendo que apenas 13% das grandes empresas se declaram usuárias de aplicações de IA, mesmo número de 2021 e 2023. No geral, o uso da IA por empresas de grande porte é de 38%. Porcentagem de médias empresas que usam IA é de 29% e de pequenas empresas é de 10%. Dados são da 16ª edição da TIC Empresas, lançada nesta terça-feira, 13/5, pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).
“As soluções adquiridas são as mais básicas e voltadas para a automatização. Por isso, as soluções de prateleira. O desenvolvimento interno de IA é ainda muito incipiente no país e as pequenas e médias empresas não têm dinheiro”, afirma o pesquisador do CETIC.br, Leonardo Melo Lins. “Diferentemente do uso da internet, amplamente acessível por meio de diversos provedores e faixas de preço, contratar uma solução de IA ainda exige conhecimento técnico e investimentos que fogem à realidade de boa parte dos pequenos negócios”, adiciiona o pesquisador.
De acordo com o estudo, entre as empresas que utilizaram IA, 76% adquiriram software ou sistemas prontos e 56% contrataram fornecedores externos para desenvolver ou modificar software e sistemas, enquanto 25% afirmaram que os sistemas de IA em uso foram desenvolvidos internamente.
Em termos de parcerias para o desenvolvimento de IA, a minoria das empresas que utilizaram IA o fizeram em conjunto com fundações ou associações sem fins lucrativos (12%), universidades ou centros de pesquisa (12%) e órgãos de governo (7%). Os maiores usuários da IA são as empresas que atuam na área de TI e comunicação (38%).
As aplicações mais usadas são as relacionadas à automação de processos e fluxos de trabalho (63% das empresas que utilizaram IA), seguidas das de reconhecimento e processamento de imagens que identificam objetos ou pessoas (33% das empresas que utilizaram IA). A TIC Empresas 2024 mostra ainda que porcentagem daquelas que utilizam dispositivos inteligentes ou de IoT é de 14%, o que corresponde um total de aproximadamente 70.546 empresas, com clara prevalência nas de grande porte (37%) em relação às médias (28%) e pequenas (12%).
De acordo com Leonardo Melo Lins, a maior parte dos investimentos em IoT é voltado para segurança. “Os dispositivos conversando entre si ainda não aconteceu”, observou. A maior parte dos dispositivos trabalha para reconhecimento facial e biometria e a boa parte usado pelas empresas para controle de funcionários.
Conectividade e presença online
A 16ª edição da pesquisa mostra que 92% das pequenas, médias e grandes empresas estavam conectadas à Internet via fibra óptica em 2024. Em um contexto de prevalência desse tipo de conexão, a busca por maiores velocidades de download tem crescido. Enquanto a proporção de empresas que optaram por velocidades de até de 300 Mbps recuou entre 2023 e 2024 de 54% para 43%, observou-se que, no mesmo período, houve um aumento na porcentagem daquelas que contrataram velocidades acima de 500 Mbps, passando de 21% para 28%.
As redes sociais seguem como a principal forma de presença online entre as empresas brasileiras (89%) – pouco mais da metade (53%) possuíam website em 2024. Segundo a pesquisa, 74% utilizaram WhatsApp ou Telegram no ano passado, um crescimento de 32 pontos percentuais em relação a 2017 (42%). Aumento expressivo também foi notado no uso do Instagram, Snapchat, TikTok ou Flickr, que passou de 22% em 2017 para 74% em 2024.
Comércio eletrônico
Em 2024, 61% das empresas brasileiras venderam produtos e serviços pela Internet. Dentre os meios utilizados para realizar transações online, predominaram WhatsApp, Skype ou chat do Facebook (49%), proporção que foi de 55% em 2023. O uso do e-mail apresentou queda: em 2024, 34% das empresas venderam por este canal, proporção que era de 40% em 2023. Vale destacar que os meios desenvolvidos para lidar exclusivamente com comércio eletrônico, tais como website, aplicativos, sites de vendas, extranet e intercâmbio eletrônico de dados, apresentaram estabilidade entre 2023 e 2024.
A coleta de dados da 16ª edição, ocorreu entre março e novembro de 2024. Foram entrevistadas 4.453 empresas, apresentando resultados por porte, região geográfica e setor de atividade econômica.