
Um estudo realizado pela TOTVS em parceria com a h2r insights & trends, destaca um panorama preocupante e ao mesmo tempo promissor no cenário de adoção da inteligência artificial (IA) pelas empresas brasileiras. A pesquisa Panorama IA 2025, divulgada nesta terça-feira, 17, revela que 50% das organizações não utilizam IA de forma estruturada, o que sugere um enorme potencial de crescimento e transformação.
A pesquisa aponta ainda que a maioria das empresas (71%) está apenas começando a explorar as possibilidades da IA permanecendo em estágios iniciais de implementação. Por outro lado, 25% dos entrevistados afirmaram estar em um nível intermediário, com iniciativas mais desenvolvidas, mas ainda não maduras. Apenas 4% das empresas se destacaram por sua adoção avançada da IA, evidenciando que há um longo caminho a ser percorrido para integrar plenamente a tecnologia em processos corporativos.
Cristiano Nobrega, CDAIO (Chief Data & AI Officer) da TOTVS, destaca que atualmente o uso da IA está focado principalmente em apoio operacional, como otimização de tarefas e fluxos de trabalho, ao invés de impulsionar uma transformação estratégica nas organizações. “Esse foco no suporte operacional ressalta o estágio atual de adoção da IA no Brasil”, comentou.
Principais usos da IA
Realizada com 194 empresas de diferentes setores, a pesquisa revelou os principais usos da inteligência artificial no Brasil. A geração de conteúdo lidera, aparecendo em 33% dos casos com aplicações de geração de texto, resumos, e-mails e apresentações. A criação de elementos visuais ocupa o segundo lugar, com 29%, seguida pelo uso em cibersegurança, focado na detecção de comportamentos suspeitos, com 21%. Além disso, os populares chatbots aparecem como ferramentas de atendimento em 20% das empresas entrevistadas.
Quando analisados os tipos de ferramentas, as soluções de IA conversacional, como ChatGPT, Gemini e Claude, dominam o cenário, sendo utilizadas por 40% das empresas. Plataformas com IA integrada seguem com 33%. Apesar da crescente adoção da IA, a percepção de seu valor estratégico ainda é limitada. Apenas 20% das empresas veem a IA como altamente estratégica para o negócio, enquanto 42% consideram a tecnologia pouco alinhada aos objetivos estratégicos. Apenas 7% das empresas registraram ROI a partir da implementação e uso de IA, com o restante (93%) não utilizando nenhuma métrica clara para medir estes resultados.
Nobrega reforça que é essencial disseminar a percepção do potencial estratégico da IA para todos os níveis hierárquicos. “Só assim, as empresas brasileiras poderão de fato extrair todo o potencial transformacional que a IA tem para os negócios”, afirma.
Oportunidades e desafios
O Panorama IA 2025 demonstra que, apesar dos desafios na implementação e percepção de valor estratégico, a inteligência artificial tem potencial para transformar a maneira como as empresas brasileiras operam. Com o aumento da acessibilidade de ferramentas como ChatGPT e Gemini, e a expansão de plataformas integradas, as organizações têm a oportunidade de alavancar a tecnologia para otimizar seus processos, reduzir custos e gerar maior eficiência.
O estudo evidencia que o avanço na integração da IA não é apenas uma questão de tecnologia, mas também de cultura organizacional e liderança estratégica. Como conclui Nobrega, o sucesso na revolução da IA depende de um esforço conjunto para reconhecer e aproveitar plenamente o poder transformador dessa ferramenta.
Esse esforço terá que superar algumas barreiras, também identificadas pela pesquisa, tais como preocupações com segurança (36%), falta de profissionais qualificados (35%) e dificuldade em medir o retorno sobre o investimento – ROI (32%). Esses desafios, combinados com preocupações com a resistência dos funcionários à mudança (24%), dificuldade de integração com sistemas existentes (23%) e falta de apoio da liderança (23%), aumentam a percepção de que a adoção da IA ainda não é uma prioridade para muitas empresas.