
Para se tornarem TechCo, as operadoras têm uma jornada pela frente. Debate realizado no Telco Transformation Latam, que acontece no Rio de Janeiro, mostrou que serão necessárias mudança tecnológicas, redesenho do modelo de negócios e uma evolução cultural nas empresas de telecomunicações, o que inclui também mudanças na perspectiva do cliente e da rede.
Ari Lopes, líder da prática de provedores de serviços do mercado das Américas da consultoria OMDIA, moderou o painel elencando os principais fatores que impulsionam a transição do setor, as tecnologias emergentes mais relevantes para o futuro das empresas de tecnologia e o uso da tecnologia como habilitador para monetização e eficiência em custos no novo cenário das telcos.
Aos 71 anos, a Algar começou a sua jornada de transformação há alguns anos e os novos negócios já representam 16% da receita, contou Zaima Milazzo, vice-presidente de Tecnologia, Evolução Digital, Agilidade e Inovação da Algar. “Levamos tão a sério essa transformação que tiramos o nome telecom de nossa marca. Entendemos o setor de forma verticalizada com um portfólio de TI e serviços digitais de telemedicina e energia, serviços gerenciados e posicionamento como advisors”, apontou a executiva.
Guilherme Fernandes Silveira, diretor de Engenharia, Transformação Digital e Redes da Vivo, apontou que não há uma receita de bolo. “A evolução começa dentro de casa, toca em estrutura, talentos e organização. Muito da evolução passa em primeiro lugar numa transformação interna, antes de pensar em tecnologia”, afirmou.
A Vivo vem usando IA para análise preditivas de ativos e redes. Ele destaca que projetar redes com uso de IA trabalhando, desde o planejamento, de forma autônoma pode ser mais eficaz. “É um esforço maior, mas os resultados no final da cadeia podem ser maiores”, ressalta Silveira.
Arturo Saenz Soto, diretor de Unidade de Negócios Empresarial da Telecable Costa Rica, afirmou que a operadora não quer simplesmente incorporar serviços ao portifólio, mas conhecer os mercados verticais. “Serão necessárias evoluções da oferta de conectividade, e a criação de camadas de serviços tecnológicos começando pela segurança num modelo de opex e não de capex”, informou.
Marcos Antonio Manoel Alves, diretor executivo da MINSAIT, diz que a empresa tem se posicionado como advisor das operadoras para que elas possam agregar valor ao cliente final. “Em operadoras com passivos de sistemas legados o processo é mais complexo do que operadoras novas em implementação de soluções OSS e BSS”, ressaltou Alves.
Para Guilherme Silveira, da Vivo, é fundamental uma governança de dados especialmente para empresas com legados. “Fala-se em “cloudificação” e “appização” e tudo isso tem impacto nos sistemas e requer superexposição das redes um desafio para as redes brownfield (legadas). Ter uma operação mais autônoma vai ser uma tendência forte. E por fim, o desafio para se capacitar e se manter atualizado requer profissionais multifacetados. Esse é um desafio para todos, ser atrativo para esses profissionais é um desafio a ser considerado”, avaliou o direto da Vivo.