

A farmacêutica 100% brasileira Libbs está utilizando inteligência artificial generativa como aliada em seu processo seletivo para reforçar a busca por profissionais alinhados ao seu propósito e cultura. A empresa inseriu como parte da seleção uma entrevista por voz de cerca de 15 minutos com cada candidato executada pela Lis, nome dado à ferramenta de IA. O objetivo é avaliar questões que podem não estar no currículo, como o conhecimento sobre saúde e sobre a empresa, aspectos comportamentais, como comunicação, e pontos de desenvolvimento.
Elaine Lira, gerente de desenvolvimento de talentos da Libbs, conta que o projeto foi desenvolvido para as vagas para a equipe de campo, aqueles profissionais que vão para frente dos clientes, como médicos e farmacêuticos, e responsáveis por propagar os produtos. “Temos quantidade grande de colaboradores e muitas vagas abertas. Vimos uma oportunidade de usar inteligência artificial para conhecer mais candidatos. Como temos muitos candidatos por vaga, a IA ajuda na triagem do time e a ter um banco de talentos”, explica.
O mecanismo ajuda a farmacêutica a elaborar uma lista com os candidatos mais bem ranqueados e também a criar um banco com aqueles que foram bem, ainda que não se qualificaram naquele processo em questão. O ganho principal também inclui mitigar vieses inconscientes dos recrutadores, que podem tender, por exemplo, a escolher pessoas com perfis próximos ao seu perfil, o que quebra a diversidade.
A inteligência artificial não toma a decisão final: ela atua como uma etapa inicial para triagem em processos que, muitas vezes, chegam a ter mais de 2 mil inscritos por vaga, otimizando tempo e foco dos gestores, permitindo que mais candidatos participem do processo, além de formar um banco de talentos para oportunidades futuras. Os candidatos aprovados avançam para entrevistas, em que recebem avaliação prática e são entrevistados por diferentes gestores, fortalecendo a escolha de profissionais que compartilhem dos valores e da cultura Libbs.
“O candidato conversa por voz com uma IA durante uns 15 minutos quando responde a perguntas de diversos tipos, com objetivo de entender o que candidato faria em diversas situações. Para cada bloco, a IA faz relatório com pontos de atenção e pontos que o candidato se destacou”, detalha Elaine Lira. Os mais bem ranqueados entram para uma lista curta, com cinco a sete candidatos, com os quais recrutadores da Libbs entram em contato para dar seguimento ao processo.
Por meio do uso da IA com voz para entrevista, a ferramenta também avalia as habilidades de comunicação, estrutura da resposta e postura do candidato. “Como as vagas de campo são, geralmente, cargos de entrada, para gente, é importante ver se o candidato sabe como funciona a indústria farmacêutica, se ele pensa no paciente, se ele minimamente estudou, procurou saber. E o comportamento tem grande”, aponta Lira.
O projeto começou em meados de 2024 como piloto. A introdução da IA acompanhou uma mudança na seleção, de forma a eliminar os vieses inconscientes ao longo do processo todo. Até o momento, cerca de 42 mil entrevistas com IA foram feitas e 275 vagas fechadas, com contratações.
Os perfis que passam na entrevista com IA seguem para contato telefônico com profissionais do RH. “O que pode acontecer é a pessoa ter passado pela IA, não passar na short list, mas estar bem ranqueada. E daí, depois, podemos ver se ela se encaixa para outra vaga. Também demos chance dentro de seis meses para a pessoa que quer muito fazer parte da Libbs de refazer a entrevista em IA”, detalha Elaine Lira.