Médias empresas brasileiras precisam se preparar: consultoria global já é movida por IA
A tendência global aponta para consultorias cada vez mais apoiadas em dados, automação e inteligência artificial. Mas a essência permanece: transformar informação em decisão, reduzir riscos e abrir caminho para o crescimento sustentável.

Por Julian Tonioli *
As médias empresas brasileiras estão diante de um ponto de virada. A digitalização acelerada, o avanço da inteligência artificial e a pressão por resultados rápidos estão transformando a forma como elas contratam e se relacionam com consultorias. Longe de reduzir sua importância, esse movimento reforça o papel das consultorias como parceiras estratégicas para traduzir tecnologia em impacto real.
O desafio não é apenas adotar novas ferramentas, mas alinhar inovação, governança e crescimento. Para empresas de médio porte, que muitas vezes operam com estruturas enxutas e recursos limitados, o apoio consultivo torna-se decisivo para entender o que a inteligência artificial pode oferecer de concreto — desde ganhos de eficiência até a criação de novos modelos de negócio.
Um estudo publicado pelo site The Finance Story ajuda a dimensionar essa transformação. Segundo a reportagem, a McKinsey, referência global, já integra mais de 12 mil agentes de IA ao trabalho de seus consultores. Com isso, equipes antes formadas por 14 profissionais passaram a ser substituídas por duas ou três pessoas apoiadas pela tecnologia. Além disso, um quarto dos contratos da firma já adota a lógica de remuneração baseada em resultados, em vez da cobrança tradicional por hora. O movimento confirma que a consultoria está se reinventando no mundo todo.
Na prática, a inteligência artificial já permeia diferentes frentes do trabalho consultivo. Sistemas automatizados revisam grandes volumes de documentos em minutos, algoritmos financeiros projetam cenários com maior precisão e modelos preditivos antecipam riscos de rotatividade em equipes.
Até mesmo relatórios e apresentações, que antes consumiam semanas, são elaborados com apoio de agentes de IA que organizam dados e sugerem narrativas. Isso permite liberar os consultores para o que realmente agrega valor: interpretar informações, orientar gestores e apoiar decisões estratégicas.
No Brasil, esse cenário representa uma oportunidade especialmente relevante para médias empresas. Consultorias locais, que conhecem as especificidades do mercado e conseguem customizar soluções, têm a chance de assumir protagonismo. A tecnologia, por si só, não resolve nada. É a combinação de experiência, leitura estratégica e proximidade com o cliente que garante que a IA seja aplicada de forma realista e eficaz.
A tendência global aponta para consultorias cada vez mais apoiadas em dados, automação e inteligência artificial. Mas a essência permanece: transformar informação em decisão, reduzir riscos e abrir caminho para o crescimento sustentável.
Para as médias empresas brasileiras, contar com esse suporte será o diferencial entre acompanhar a revolução ou perder espaço em um mercado cada vez mais competitivo.
Julian Tonioli é CEO da Auddas, consultoria em gestão empresarial