Indústria automobilística denuncia falta de chips no Brasil
Impacto é causado pela guerra geopolítica entre Estados Unidos e China. Outros setores também são afetados, entre eles, celulares e computação. Situação piorou com a decisão da China impor restrições à exportação de componentes produzidos pela Nexperia, que sofreu intervenção do governo da Holanda.

A produção de carros no Brasil está ameaçada e corre risco de parar em duas semanas se não houver a recomposição dos estoques de chips. A denúncia foi feita pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Igor Calvet. O desabastecimento é real e as indústrias locais podem parar de produzir em um prazo de até três semanas. A situação foi reportada pela Anfavea ao vice-presidente e ministro do Mdic (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Geraldo Alckmin.
Entidade foi ao governo pedir a intervenção junto ao governo chinês. Estamos desenhando a possibilidade de o próprio governo brasileiro fazer uma interlocução direta junto ao governo chinês, para que as exportações desse tipo de produto ao Brasil sejam liberadas”, afirmou o presidente da Anfavea, Igor Calvet, em reportagem do jornal Valor Econômico, publicada nesta quinta-feira, 23/10. Os carros modernos têm entre mil e 3.000 chips.
A situação começou a ficar crítica quando o governo da Holanda, pressionado pelo governo dos EUA, assumiu o controle da fabricante Nexperia, uma gigante de semicondutores que atua naquele país. Ocorre que a Nexperia é uma subsidiária do grupo Wingtech, de origem chinesa. Com a atitude, o presidente chinês da empresa foi destituído por ordem judicial, sob suspeita de transferência indevida de tecnologia para a China. A resposta da China veio logo. O país impôs restrições à exportação de componentes e tecnologias produzidas pela Nexperia em território chinês.
“Esses componentes não possuem, no curto prazo, alternativas de fornecimento local ou regional, sendo críticos para o funcionamento de montadoras instaladas no Brasil como Volkswagen, Stellantis, GM, Toyota, Hyundai, BYD, entre outras”, afirma em comunicado o Sindipeças.
Vale lembrar que o impacto da falta de semicondutores mexe não apenas com a indústria automotiva, mas com toda a cadeia de produtos eletrônicos, como a de celulares e computação, passando pelos setores elétrico e de eletrodomésticos, mas esses segmentos ainda não denunciaram a ausência dos semicondutores.