Oi descarta intervenção e quer aprovar plano de recuperação até o 3º trimestre
Apesar do prejuízo de R$ 7,1 bilhões em 2016, a Oi espera que a geração de caixa, o corte de custos e aumento nos investimentos demonstrem aos credores que a operadora é suficientemente robusta para continuar no mercado. E aposta que a melhoria de indicadores de qualidade e a queda nas reclamações de clientes convençam a Anatel de que a operação vai bem, sem necessidade de intervenção.
“Não temos nenhum sinal de deterioração de serviço. Ao contrário, todos os indicadores, na Anatel, nos Procons, mostram evolução. Vejo com extrema naturalidade o fato de o governo e a Anatel estarem preparados para qualquer eventualidade, mas não é o cenário deste momento”, afirmou nesta quinta, 23/3, o presidente da operadora, Marco Schroeder, ao apresentar os resultados do quarto trimestre de 2016.
O prejuízo, sustentou o executivo, tem relação com a baixa contábil de R$ 2,8 bilhões de créditos tributários sobre prejuízo fiscal acumulado – o que resultou em um resultado negativo acima do registrado um ano antes (R$ 6,4 bi). “Uma baixa meramente contábil e feita para refletir estimativas”, sustentou Schroeder, que também destacou o cenário de recessão no Brasil e o alto desemprego, com impacto direto na queda de 7,2% na receita anual com telefonia móvel.
Ainda assim, insistiu, a Oi fechou 2016 com R$ 7,8 bilhões em caixa, mesmo com aumento de 17,6% nos investimentos, para R$ 4,7 bilhões, e crescimento das receitas anuais com banda larga (1,5%) e TV paga (11,6%) – o que permitiu alta de 5% nas receitas por usuário. “A companhia tem operação saudável que permite geração de caixa e aumento de investimento”, resumiu o diretor financeiro, Ricardo Malavazi, na conversa com analistas de bancos nesta quinta.
Certos de que esse retrato não basta, os executivos da Oi também sustentaram que a nova proposta de acordo com os credores atende as queixas apresentadas a partir do plano anterior. Em especial, a nova versão prevê a conversão de dívidas em 25% do capital da operadora de imediato, com a possibilidade de outros 17% depois de três anos.
“Foi uma flexibilização, acho que melhorou as condições. A grande demanda que tinha acho que com esses 25% e ainda mais uma parcela que pode chegar a 17% é equilibrada. É o que pretendemos mandar para votação na assembleia. Todos os grupos entendem hoje que os valores que pagamos em cash ao longo dos anos é o valor que o caixa da companhia permite. Não é do interesse nem de credores nem de acionistas comprometer a capacidade de investimento da Oi”, disse Schroeder.
O presidente da tele também descartou o que até aqui é o único plano alternativo, apresentado por credores representados pela Moelis & Company (leia-se, o investidor egípcio Naguib Sawiris). “Concretamente temos apenas uma proposta recebida, mas não acreditamos que seja melhor do que a proposta que apresentamos ontem”, afirmou.
Segundo ele, a ideia é aprovar a atual proposta em assembleia de credores até o início do segundo semestre. “Estamos conscientes de que é o maior processo de recuperação judicial que já aconteceu no Brasil, conscientes da dificuldade processual, mas nossa intenção é resolver o quanto antes. O que temos conversado com o administrador judicial é publicar a lista final de credores até abril para em seguida convocar a assembleia, que deve ser no segundo trimestre, talvez inicio do terceiro trimestre. O importante é resolver isso ainda este ano.”